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RUMO A 2004
Composição concessiva nos municípios e filiações em massa fazem parte de projeto do partido para reeleger presidente
PT alarga alianças para construir Lula-2006
RAYMUNDO COSTA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADOS ESPECIAIS A BELO HORIZONTE
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O PT deu início a um projeto
para pavimentar a reeleição do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. O plano passa por
uma radicalização da política de
alianças na eleição municipal do
próximo ano, considerado um
degrau para o novo mandato, e
por uma agressiva campanha de
novas filiações, a ter início no final
desta semana, sem pedir atestado
ideológico a ninguém.
O projeto de novas filiações visa
transformar o PT em um "partido
de massa", expressão do próprio
presidente da sigla, José Genoino.
Mas a aposta maior é nas alianças
eleitorais em 2004 com parceiros
difíceis de serem absorvidos pela
militância petista: o PMDB e o PP.
O que facilita agora é a adesão deles à base do governo.
O PMDB pode ser o grande parceiro do PT em 2004. O objetivo
petista é se valer da grande capilaridade que os peemedebistas têm
em todo o país para crescer e no
mínimo duplicar as 187 prefeituras que ostenta atualmente. Alguns dirigentes petistas falam em
conquistar até mil prefeituras.
Até o final do ano, as duas legendas pretendem montar uma
comissão conjunta para acertar a
situação nas maiores cidades e capitais. As conversas já estão avançadas em algumas, sobretudo em
Belo Horizonte (MG) e São Paulo.
Na capital paulista, a intenção é
reeleger Marta Suplicy. Na mineira, Fernando Pimentel.
Para reeleger a prefeita petista
da maior cidade brasileira, há um
acordo entre o ex-governador
Orestes Quércia e o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.
Por esse entendimento, mesmo
se não for possível concretizar
uma chapa PT-PMDB à Prefeitura de São Paulo, Quércia manteria
a candidatura do médico José
Aristodemo Pinnoti, se ela ajudar
a tirar votos do PSDB. Do contrário, lança um candidato nanico.
A eleição paulistana é um ponto
de inflexão da política de radicalização das alianças com legendas
do centro para a direita, iniciada
com a conflituosa indicação do
senador José Alencar (PL) para
candidato a vice-presidente na
chapa de Lula no ano passado.
O problema
O problema é que, além do
PMDB, o PT quer fazer alianças
também com o PP, cujas origens
remontam à Arena, partido que
deu sustentação política ao regime militar. E, em São Paulo, o PP
é sinônimo de Paulo Maluf.
O presidente petista, José Genoino, afirma que esse será o único caso em que a parceria do PT
com o PP não vingará.
Na realidade, o PT está dividido
sobre uma eventual candidatura
de Maluf. Por um lado, ela pode
tirar votos de um candidato com
discurso à direita, como o PT supõe que seria a do secretário da
Segurança de São Paulo, Saulo de
Castro, pelo PSDB. O que se espera do tucano é uma campanha
voltada para a segurança. Por outro lado, Maluf pode tirar votos de
Marta na periferia, onde os eleitores da prefeita já estarão sob o ataque de Luiza Erundina (PSB).
Em Belo Horizonte, o próprio
prefeito petista está costurando a
aliança com o senador Hélio Costa (PMDB). O que pode causar
surpresa nessa eleição seria o fato
de o PSDB não ter candidato próprio. O partido tucano tem dificuldades para apresentar um nome, e o governador Aécio Neves
(PSDB-MG), além de estar muito
afinado com Pimentel, pode optar pelo clássico argumento de
que se comportará como um
"magistrado" no pleito.
A transformação do PT em um
partido "de massa", com as novas
filiações e alianças que antes seriam consideradas heterodoxas,
não traria risco de desfiguração
da sigla nem sequer lembraria a
trajetória dos seus antecessores
no governo, como a antiga Arena
e o próprio PMDB, segundo avaliação de seus dirigentes.
Para Genoino, o que poderia
ameaçar a integridade do partido
seria a "filiação por cima", ou seja,
a entrada de deputados sem identificação com o PT. Essas filiações
estão sendo controladas.
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