São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2011 |
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ENTREVISTA ANTÔNIO PEREIRA GARCIA, 61 Torcedores nunca abandonaram o doce Antônio vive da receita há 41 anos, vendendo "cannolo" em jogos de várzea e do Juventus MARÍLIA MIRAGAIA DE SÃO PAULO Se a resistência desse "canudo", doce que passou décadas distante das ruas de São Paulo e só agora é revisitado, tiver um líder, seu nome é Antônio Pereira Garcia. Paulistano, de 61 anos, há quatro décadas ele vive como vendedor de "cannolo". Messiânico (sua fé no doce é inabalável) e com centenas de seguidores, Antônio é das figuras mais conhecidas entre os fanáticos torcedores do Clube Atlético Juventus, da Mooca, zona leste da capital, e por simpatizantes dos jogos do futebol de várzea. Falou à reportagem entre uma venda e outra, sob chuva, numa partida entre Ajax (da Vila Rica) e Classe A (da Barra Funda), na Vila Maria, região norte da cidade, no último domingo. O futebol, de várzea ou do Juventus, impulsiona as vendas de Antônio, que chega a comercializar mil "cannoli" por semana. Quem produz os "cannoli"? Acordo às 5h30 e vou para a cozinha fazer o doce do dia com a minha mulher. Primeiro fazemos a massa. Enquanto ela esfria, faço o recheio. Só saio às 12h30 da Vila Císper (zona leste), depois de fritar 150 canudos, e vou para a rua. A receita é de família? Não. Minha família é de "portuga" e espanhol. Tem uma parte alagoana. Aprendi a receita pequeno, com dois italianos, na Mooca. No começo, comprava deles e vendia em uma caixa de uva amarrada com barbante. Quem continuará o negócio? Meus filhos trabalham em outras áreas. Esse doce é muito trabalhoso, hoje a moçada quer facilidade. Quando começou a trabalhar em jogos de futebol? Vendo "cannoli" em estádio há 41 anos. Trabalhei no Morumbi e no Pacaembu. Nesses lugares dava para vender até mil doces por jogo. Mas agora não dá mais . Está proibido vender lá. E durante a semana, quando não há partidas? Trabalho nas ruas do Carrão, da Vila Formosa (região leste) e da zona cerealista (região central). Meus clientes sabem onde me encontrar. Tem time do coração? Sou Juventus. Agora o time está numa fase complicada [terceira divisão do campeonato paulista]. Mas vai resolver logo. Tenho fé. Texto Anterior: Cannolo Próximo Texto: Crítica/Restaurante: Pier Paolo abre casa mais descontraída Índice | Comunicar Erros |
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