São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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PROJETO

Casa "irrecuperável" resistiu a uma reforma com derrubada de paredes

Profissionais mantêm de pé "casos perdidos"

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quando o professor do departamento de pediatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Domingos Palma, 53, e seus colegas viram o estado do imóvel antigo que queriam reformar para abrigar uma unidade da escola, acharam que ele não sobreviveria à obra.
"Havia paredes trincadas e infiltrações. Diante daquele quadro, resolvemos contratar arquitetos e engenheiros", lembra.
"Não tivemos problemas. Foi complicado derrubar a parede para ampliar a cozinha, que era estrutural, mas colocamos uma viga metálica em seu lugar."
No caso de Vera Lucia Mantovani, 49, proprietária de um escritório de marketing, para reformar duas casas antigas vizinhas foi preciso mexer até na fundação para abrir as paredes.
"As derrubadas foram escoradas, mas tudo com acompanhamento de profissionais", ressalta Mantovani, que só contava com um projeto amador feito havia cerca de 40 anos.

Cuidados
Derrubar uma parede com a certeza absoluta de que a casa ficará de pé não é, definitivamente, tarefa para amadores, geralmente muito mais interessados em se desfazer do obstáculo o mais depressa possível.
"O maior erro cometido é a falta de prospecção para ver do que é feita uma parede, se comporta pilares e colunas e o que ela está segurando", alerta o engenheiro Carlos Alberto Junqueira Franco.
Quem mora em casa deve planejar a reforma com cuidado. "A maioria das casas apóia-se sobre todas as paredes", explica Ivo Moscatelli, 63, professor de construção de edifícios da Universidade Mackenzie.
Se qualquer casa pede cuidado redobrado com as paredes estruturais, as mais antigas precisam de um reforço de atenção.
"Nas construções mais velhas, as paredes de alvenaria participavam da estabilidade da casa, tinham função estrutural", explica o engenheiro Natan Lezental.
Isso sem contar que o projeto da maioria não existe mais ou que o material empregado pode estar comprometido pela idade.
"Uma reforma chega a ser mais difícil do que construir, porque não há previsão do que vai acontecer", comenta a arquiteta Maria Fernanda Sanchez, 41, que destaca a atenção que deve ser dada ao escoramento das paredes que serão retiradas.
(BRUNA MARTINS FONTES)


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