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PROJETO
Casa "irrecuperável" resistiu a uma reforma com derrubada de paredes
Profissionais mantêm de pé "casos perdidos"
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Quando o professor do departamento de pediatria da Unifesp
(Universidade Federal de São
Paulo) Domingos Palma, 53, e
seus colegas viram o estado do
imóvel antigo que queriam reformar para abrigar uma unidade da
escola, acharam que ele não sobreviveria à obra.
"Havia paredes trincadas e infiltrações. Diante daquele quadro,
resolvemos contratar arquitetos
e engenheiros", lembra.
"Não tivemos problemas. Foi
complicado derrubar a parede
para ampliar a cozinha, que era
estrutural, mas colocamos uma
viga metálica em seu lugar."
No caso de Vera Lucia Mantovani, 49, proprietária de um escritório de marketing, para reformar
duas casas antigas vizinhas foi
preciso mexer até na fundação
para abrir as paredes.
"As derrubadas foram escoradas, mas tudo com acompanhamento de profissionais", ressalta
Mantovani, que só contava com
um projeto amador feito havia
cerca de 40 anos.
Cuidados
Derrubar uma parede com a
certeza absoluta de que a casa ficará de pé não é, definitivamente,
tarefa para amadores, geralmente
muito mais interessados em se
desfazer do obstáculo o mais depressa possível.
"O maior erro cometido é a falta
de prospecção para ver do que é
feita uma parede, se comporta pilares e colunas e o que ela está segurando", alerta o engenheiro
Carlos Alberto Junqueira Franco.
Quem mora em casa deve planejar a reforma com cuidado. "A
maioria das casas apóia-se sobre
todas as paredes", explica Ivo
Moscatelli, 63, professor de construção de edifícios da Universidade Mackenzie.
Se qualquer casa pede cuidado
redobrado com as paredes estruturais, as mais antigas precisam
de um reforço de atenção.
"Nas construções mais velhas,
as paredes de alvenaria participavam da estabilidade da casa, tinham função estrutural", explica
o engenheiro Natan Lezental.
Isso sem contar que o projeto da
maioria não existe mais ou que o
material empregado pode estar
comprometido pela idade.
"Uma reforma chega a ser mais
difícil do que construir, porque
não há previsão do que vai acontecer", comenta a arquiteta Maria
Fernanda Sanchez, 41, que destaca a atenção que deve ser dada ao
escoramento das paredes que serão retiradas.
(BRUNA MARTINS FONTES)
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