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CLONES
Designers afirmam que legislação sobre o assunto é falha e onerosa; patentes só são válidas em território nacional
Selo pretende frear a cópia de design no setor de móveis
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) deve lançar, em agosto, um selo de qualidade para os móveis
feitos no país. Essa iniciativa pode
ser o passo decisivo para a reversão da prática generalizada da
clonagem do design de móveis.
"A indústria de móveis não investe em design, por isso existe a
cópia", avalia Eduardo Lima, 56,
diretor-superintendente da Abimóvel. O selo pretende agregar
qualidade e valor ao mobiliário
produzido no Brasil não só estabelecendo regras mais claras de
fabricação e comercialização dos
objetos, mas também obrigando
as empresas a providenciar a contratação de designers próprios.
Para o coordenador do curso de
design de interiores da Faculdade
de Belas Artes de São Paulo, Jéthero Cardoso de Miranda, o problema é que a lei de proteção ao desenhista é falha e onerosa. "Já tive
móveis parcialmente copiados
naquilo que dava sentido ao objeto e não pude patentear a minha
idéia porque sai muito caro."
O agente de propriedade industrial Davino Martins da Silva Filho, 43, dono da Vogal Marcas e
Patentes, cobra pelo menos
R$ 600 para acompanhar o registro no Inpi (leia texto ao lado).
Um atalho para preservar a anterioridade sobre a peça, diz, é publicá-la na imprensa. "De nada
adianta registrar a obra em cartórios ou na Biblioteca Nacional." O
designer só pode denunciar as cópias após ter o registro de desenho industrial em mãos. Esse é
outro problema, já que fica difícil
reclamar a propriedade de peças
que tiveram pequenas alterações.
"A proteção atinge somente
aquilo que é visível no objeto, embora a mudança de um puxador,
por exemplo, não impeça uma
reclamação parcial ou total",
exemplifica o agente Silva Filho.
Copiados pelos italianos
"Nosso esforço demanda tempo
e dinheiro em projetos e protó-
tipos que costumamos fazer antes
que qualquer novidade seja lançada", diz o professor Miranda.
De acordo com ele, no exterior,
várias empresas participam da
execução do modelo, estabelecendo um código de ética entre elas.
"Mas já tivemos móveis brasileiros copiados até por italianos."
O designer Fernando Jaegger
conta que geralmente faz três ou
quatro protótipos até detectar e
corrigir os pontos fracos de um
projeto. "Uma coisa é pegar uma
tendência, um estilo. E outra é
copiar por má-fé", pondera.
O estudo para cada peça do designer Sérgio Rodrigues leva seis
meses. "Um mês e meio só para a
concepção do objeto." "A produção em larga escala é o que prejudica mais", afirma o designer Ricardo Cintra. "O cliente vê o
móvel com preço mais barato e
acaba comprando a cópia."
Para evitar surpresas desagradáveis como essas, o designer
Fernando Jaegger mostra suas
armas: "O único jeito é melhorar
a qualidade do meu trabalho
de modo mais rápido do que a
velocidade dos falsários".
(NATHALIA BARBOZA)
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