São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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Para prefeitos, haverá sobrecarga de serviços públicos

DA REPORTAGEM LOCAL

As prefeituras dos nove municípios da Baixada Santista prevêem para os próximos anos um aumento gradual da população fixa dessas cidades. Motivados pela inauguração da segunda pista da Imigrantes, veranistas podem optar por trabalhar na Grande São Paulo e morar no litoral.
A Prefeitura de Praia Grande entrevistou 10 mil famílias de veranistas na temporada de 2001 e constatou que 60% admitem a possibilidade de mudar para o município após a inauguração. Apenas cerca de 11% descartaram a possibilidade ou não responderam. "E 18% disseram que mudarão imediatamente", diz o prefeito Alberto Mourão (PMDB).
Os sete prefeitos da Baixada ouvidos pela Folha disseram que os principais impactos da pista serão positivos, pois ela deverá atrair mais investimentos e reaquecer a economia local. No entanto, concordam que obras viárias municipais e a melhoria dos serviços públicos serão necessárias para atender a demanda da população crescente dos próximos anos.
No litoral sul, por exemplo, a rede hospitalar é deficitária. Os casos mais graves normalmente são transferidos para Santos. O governo do Estado anunciou em novembro a regionalização do hospital de Itanhaém, que está em obras, mas ele deve ser reinaugurado apenas em março.
"Os municípios pediam há muito tempo pela nova pista, mas a maioria não se preparou para recebê-la", disse Orlando Bifulco (PFL), prefeito de Itanhaém e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista. Para o prefeito de Santos, Beto Mansur (PPB), faltaram investimentos em obras viárias nos municípios.
Carlos Zundt, diretor técnico da Agem (Agência Metropolitana da Baixada Santista), órgão ligado ao governo do Estado, diz que haverá um impacto, mas nada fora do controle. "Não será o caos. Vai haver um pequeno acréscimo daquelas pessoas que já utilizavam essas casas nos finais de semana."
Para Mourão, o impacto será sentido nos próximos três anos, uma vez que os veranistas deverão levar um tempo preparando a casa e a família para a nova vida. Ele ressalta que não haverá procura desesperada por emprego, já que os potenciais "ex-veranistas" têm trabalho em suas cidades.
Mourão é dono de uma construtura e conta que a procura por residências em Praia Grande vem aumentando há um ano e meio, quando a instalação da rodovia já estava em fase avançada. "Antes eu vendia 2% dos empreendimentos para moradores fixos, agora a taxa é de 18%."
Segundo o prefeito de São Vicente, Márcio França (PSB), a ida de paulistanos para a cidade deverá elevar a qualidade dos serviços da região porque o padrão de exigência deverá aumentar.
De acordo com ele, há dois projetos para condomínios fechados de classe alta na região próxima à serra do Mar. "Dali para São Paulo o motorista leva metade do tempo que gasta para Alphaville."
A Prefeitura de Santos, no entanto, não espera grande crescimento populacional na cidade. A área do município é de 33 kmē na ilha de São Vicente, já ocupados praticamente em sua totalidade. Restam 26 kmē com possibilidade de ocupação na área continental. A Secretaria de Planejamento acredita que 20 mil pessoas vão mudar para lá em dez anos.
O prefeito do Guarujá, Maurici Mariano (PTB), avalia que sua cidade "vai se tornar um bairro de São Paulo", pois o trajeto até a capital paulista deverá ser feito em menos tempo que é hoje -uma hora e dez minutos de carro.
Duas exceções na Baixada são Cubatão e Bertioga. A primeira não é uma cidade turística e, portanto, não deverá sofrer incremento de sua população. Já Bertioga não deverá ter um aumento significativo de moradores pois está distante da nova pista da Imigrantes e a rodovia Dr. Hippólito do Rego, que é caminho para o município, não é duplicada.
De acordo com Edson Reis Fernandes, diretor de operações ambientais de Bertioga, os impactos devem ser menores dos que ocorreram nos anos 80 após a construção da rodovia Mogi-Bertioga.


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