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Para prefeitos, haverá sobrecarga de serviços públicos
DA REPORTAGEM LOCAL
As prefeituras dos nove municípios da Baixada Santista prevêem
para os próximos anos um aumento gradual da população fixa
dessas cidades. Motivados pela
inauguração da segunda pista da
Imigrantes, veranistas podem optar por trabalhar na Grande São
Paulo e morar no litoral.
A Prefeitura de Praia Grande
entrevistou 10 mil famílias de veranistas na temporada de 2001 e
constatou que 60% admitem a
possibilidade de mudar para o
município após a inauguração.
Apenas cerca de 11% descartaram
a possibilidade ou não responderam. "E 18% disseram que mudarão imediatamente", diz o prefeito Alberto Mourão (PMDB).
Os sete prefeitos da Baixada ouvidos pela Folha disseram que os
principais impactos da pista serão
positivos, pois ela deverá atrair
mais investimentos e reaquecer a
economia local. No entanto, concordam que obras viárias municipais e a melhoria dos serviços públicos serão necessárias para
atender a demanda da população
crescente dos próximos anos.
No litoral sul, por exemplo, a rede hospitalar é deficitária. Os casos mais graves normalmente são
transferidos para Santos. O governo do Estado anunciou em novembro a regionalização do hospital de Itanhaém, que está em
obras, mas ele deve ser reinaugurado apenas em março.
"Os municípios pediam há muito tempo pela nova pista, mas a
maioria não se preparou para recebê-la", disse Orlando Bifulco
(PFL), prefeito de Itanhaém e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista. Para
o prefeito de Santos, Beto Mansur
(PPB), faltaram investimentos em
obras viárias nos municípios.
Carlos Zundt, diretor técnico da
Agem (Agência Metropolitana da
Baixada Santista), órgão ligado ao
governo do Estado, diz que haverá um impacto, mas nada fora do
controle. "Não será o caos. Vai haver um pequeno acréscimo daquelas pessoas que já utilizavam
essas casas nos finais de semana."
Para Mourão, o impacto será
sentido nos próximos três anos,
uma vez que os veranistas deverão levar um tempo preparando a
casa e a família para a nova vida.
Ele ressalta que não haverá procura desesperada por emprego, já
que os potenciais "ex-veranistas"
têm trabalho em suas cidades.
Mourão é dono de uma construtura e conta que a procura por
residências em Praia Grande vem
aumentando há um ano e meio,
quando a instalação da rodovia já
estava em fase avançada. "Antes
eu vendia 2% dos empreendimentos para moradores fixos,
agora a taxa é de 18%."
Segundo o prefeito de São Vicente, Márcio França (PSB), a ida
de paulistanos para a cidade deverá elevar a qualidade dos serviços
da região porque o padrão de exigência deverá aumentar.
De acordo com ele, há dois projetos para condomínios fechados
de classe alta na região próxima à
serra do Mar. "Dali para São Paulo o motorista leva metade do
tempo que gasta para Alphaville."
A Prefeitura de Santos, no entanto, não espera grande crescimento populacional na cidade. A
área do município é de 33 kmē na
ilha de São Vicente, já ocupados
praticamente em sua totalidade.
Restam 26 kmē com possibilidade
de ocupação na área continental.
A Secretaria de Planejamento
acredita que 20 mil pessoas vão
mudar para lá em dez anos.
O prefeito do Guarujá, Maurici
Mariano (PTB), avalia que sua cidade "vai se tornar um bairro de
São Paulo", pois o trajeto até a capital paulista deverá ser feito em
menos tempo que é hoje -uma
hora e dez minutos de carro.
Duas exceções na Baixada são
Cubatão e Bertioga. A primeira
não é uma cidade turística e, portanto, não deverá sofrer incremento de sua população. Já Bertioga não deverá ter um aumento
significativo de moradores pois
está distante da nova pista da Imigrantes e a rodovia Dr. Hippólito
do Rego, que é caminho para o
município, não é duplicada.
De acordo com Edson Reis Fernandes, diretor de operações ambientais de Bertioga, os impactos
devem ser menores dos que ocorreram nos anos 80 após a construção da rodovia Mogi-Bertioga.
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