São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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RUMO À PRAIA

Segundo imobiliárias e empresários da construção, Baixada Santista tem escassez de terrenos para atender à demanda

Morar ou veranear deverá ficar mais caro

Tuca Vieira/Folha Imagem
Nova pista da Imigrantes que será inaugurada em 17 próximo e liberada ao tráfego no dia seguinte


DA REPORTAGEM LOCAL

Nenhum especialista se arrisca a dizer quanto, mas vai ficar muito caro morar ou ter uma casa de veraneio no litoral paulista após a inauguração da segunda pista da Imigrantes. Neste semestre, o preço do metro quadrado de área construída subiu em média 10%.
A indefinição dos valores futuros é explicada pela escassez histórica de terrenos no litoral -90% da área da Baixada Santista está sob proteção ambiental.
Cidades como Praia Grande e Santos produzem 2.000 e 4.000 unidades habitacionais por ano, respectivamente, de acordo com dados da Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob).

"Não há espaço para crescer"
Se o aumento da produção chegar a 20%, restarão poucos anos para esgotar os terrenos bem localizados. "Na verdade, não há muito espaço para crescer", afirma José Marcelo Ferreira Marques, presidente da Assecob.
Pouco se vende hoje na região. Imobiliárias e construtoras optaram por segurar o estoque para janeiro, à espera do "fenômeno". Analistas acreditam que cidades como Santos atrairão paulistanos insatisfeitos e à procura de qualidade de vida, transformando o município em uma espécie de Alphaville, bairro de classe média alta da Grande São Paulo.
Na próxima semana, a cidade promoverá a 1ª Feira da Construção e Salão do Imóvel, cujo mote é a segunda pista da Imigrantes.
A procura pelo litoral para moradia já se verifica em imobiliárias como a Real Imóveis, a mais antiga e tradicional de Santos. Segundo o diretor Lourenço Lopes, as vendas da Real aumentaram 38% neste ano em relação a 2000.
Na época, a empresa havia obtido aumento de 20% nas vendas comparado a 2000. "Em cidades como Santos e Praia Grande, o que se vê não é mais o veranista, é o morador", afirma Lopes.
Cada cidade do litoral tem perfil próprio. São Vicente, Praia Grande, Santos e Guarujá são vistas como futuras cidades-dormitórios, principalmente de ex-moradores do ABC paulista. Já o extremo sul, como Peruíbe, e o litoral norte continuarão à mercê da temporada. Em todos os casos, as perspectivas são de alta nos lucros.
Para Lopes e Marques, se os preços subirem dificilmente conseguirão superar a desvalorização do litoral sul verificada nos últimos cinco anos. A Assecob, por exemplo, chegou a ter 260 construtoras associadas. Hoje tem 90. "Na década de 80, um prédio era vendido em poucos meses. Hoje leva cinco anos", diz Marques.

Preços
O metro quadrado de área útil de um edifício de alto padrão em Santos custa em média R$ 2.000, preço praticado em bairros de classe média de São Paulo. Apartamentos bem localizados (a três quadras da praia), de três dormitórios e com 130 m² de área útil custam de R$ 180 mil a R$ 260 mil.
Esses valores devem ser corrigidos em 10% a 20% nos primeiros anos após a segunda pista, para Tomás Salles, diretor de novos negócios da Lopes Consultoria de Imóveis. Uma das maiores imobiliárias de São Paulo, a Lopes quer ampliar a sua participação no litoral. "E não somos só nós, vários incorporadores e construtores farão o mesmo", diz Salles.
(SÉRGIO DURAN)


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