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PSICOLOGIA
Serviços profissionais de auxílio a vítimas de perdas tiveram aumento de 50% na procura neste ano em relação a 2003
Grupos ajudam pais a superar perda do filho
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
"Eu queria engravidar de novo,
colocar um outro bebê no lugar
daquele que morreu sem nome. A
terapeuta nos ajudou a entender
que Maria -como passamos a
chamá-la- sempre ocupará um
lugar em nosso coração."
"Às vezes tenho necessidade de
abrir o perfume dela, sempre durmo agarrada ao seu travesseiro."
"Sinto falta das suas risadas, das
suas músicas ouvidas a toda potência. Suas últimas palavras ainda ecoam nos meus ouvidos, "mã,
eu quero ver o mar"."
São depoimentos de mães que
perderam filhos, alguns ainda na
barriga, outros já adolescentes. Os
especialistas dizem que a dor da
perda é a mais universal e a mais
difícil de aceitar.
Há alguns anos, não havia grupos profissionais especializados
em lidar com essas vítimas. Agora, os poucos serviços que a cidade oferece para essas pessoas já
não dão conta da procura.
Serviços de apoio
"De um lado, há mais jovens
morrendo; de outro, há mais pessoas entendendo que o luto precisa ser cuidado", diz Gabriela Casellato, 30, um filho, psicóloga clínica do Lelu (Laboratório de Estudos do Luto, da PUC) e da clínica Quatro Estações.
Nos dois serviços, a procura aumentou em mais de 50% do ano
passado para cá, diz a psicóloga.
Na próxima quarta-feira, dia 5,
terapeutas da Quatro Estações
convidam pais em luto para uma
palestra. A idéia é dar a eles uma
"esperança dentro do luto" e reuni-los em grupos "que possam
compartilhar sentimentos",
acompanhados por um terapeuta. "Pais enlutados precisam entender que podem e precisam dividir sua dor", diz Casellato.
A proximidade do Dia das Mães
não é mera coincidência. É quando a falta é sentida com mais intensidade. Segundo especialistas,
o natural é que os filhos enterrem
os pais. O luto mais dolorido é o
dos pais que precisam enterrar
seus filhos.
A volta do respeito à dor do luto
-cada vez mais "apressado" e
desconsiderado- já atraiu 400
pessoas ao Quatro Estações, e 800
profissionais passaram por treinamento. São pessoas que lidam
mais freqüentemente com perdas, como médicos, profissionais
de saúde, padres e psicólogos.
"Hoje, há mais consciência de que
o luto precisa de ajuda, e que falar
sobre a perda e a morte é importante", diz a terapeuta.
Quatro Estações - rua Caçapava, 130, Jardim Paulista; tel: 0/xx/11/3891-2576
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