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PF apura se médico pediu R$ 150 mil a doente
Novo inquérito investiga se Joaquim Ribeiro Filho exigiu o valor de família de paciente que não conseguiu o transplante e morreu
A Secretaria de Saúde do Rio começou ontem a contatar pacientes que esperam por fígado para marcar exames e elaborar uma nova lista
DA SUCURSAL DO RIO
A Polícia Federal abriu novo
inquérito ontem para apurar
depoimentos de que o chefe da
equipe de transplantes de fígado do hospital da UFRJ, Joaquim Ribeiro Filho, preso e denunciado por desvio de órgão,
teria cobrado R$ 150 mil de um
paciente para fazer operação.
De acordo com a informação da
PF, a família não tinha o montante e o paciente morreu.
Em nota, o delegado que investiga o caso, Giovani Celso
Agnoletto, afirmou que parentes de pacientes preteridos estão procurando a PF para acusar Ribeiro Filho de ter cobrado por transplantes.
Segundo um dos depoimentos, o paciente estava internado
no hospital Clementino Fraga
Filho, da UFRJ, e era atendido
pela equipe do médico.
Com a piora da saúde, os familiares teriam procurado o
médico, que os teria "convidado a conversar" no consultório
particular. A consulta foi marcada, ao valor de R$ 400.
"O médico perguntou se o paciente tinha plano de saúde.
Como a resposta foi negativa,
[ele] disse que a única solução
para salvar a vida do paciente
era pagar R$ 150 mil pelo transplante, (...) numa clínica particular", diz a nota da PF. "Desesperada, a irmã do paciente ofereceu um imóvel no valor de R$
60 mil, mas o médico se mostrou reticente e disse que "imóvel ele não pegava", só pagamento em espécie, e insistiu no
valor original. A "transação" não
foi consumada pela falta do dinheiro para o pagamento, e o
paciente veio a falecer."
O novo inquérito foi instaurado para apurar a suposta
"corrupção passiva", de acordo
com a Polícia Federal, e possível crime de "comprar ou vender tecidos, órgãos ou partes do
corpo humano", cuja pena chega a oito anos de reclusão, mais
multa.
A Secretaria de Estado de
Saúde do Rio começou ontem a
contatar pacientes da fila para
transplante de fígado para marcar exames de sangue, a fim de
elaborar uma nova lista.
Os 1.077 pacientes do Estado
terão de fazer novos exames
para coleta de sangue nas próximas duas semanas, em uma
das unidades estaduais de
pronto-atendimento 24 horas.
Os resultados vão determinar as novas posições no cadastro. A secretaria promete ter a
lista atualizada no dia 18. Quem
não fizer os exames permanecerá na lista de espera como semi-ativo, sem que os dados sejam atualizados.
Outro lado
Paulo Freitas, advogado criminalista do médico Joaquim
Ribeiro Filho, afirmou estar
"indignado" com todas as acusações e disse que as "repele totalmente e com veemência".
"As acusações contra ele estão distorcidas. Se ocorreu isso
antes, como ninguém falou nada? Só vem falar agora? Cada
um diz o que quer", disse.
Segundo o advogado, o médico tem milhares de pacientes
que dizem o contrário e afirmam nunca ter recebido qualquer pedido de dinheiro. Paulo
Freitas disse que "as mesmas
acusações da PF já constavam
de ações cíveis e do Cremerj
(Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio) e ele [o
médico] foi sempre absolvido".
De acordo com sua defesa, Joaquim Ribeiro Filho está abatido
e afirmou que nunca esperava
passar por essa situação.
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