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EDUCAÇÃO
Projeções indicam que alunos mais pobres serão responsáveis pelo maior crescimento de demanda por vagas no ensino superior
Faculdades se adaptam a público de classe C
DA SUCURSAL DO RIO
O aumento da concorrência entre instituições, a queda na renda
média do brasileiro e a necessidade de expandir o sistema incluindo um estudante de perfil mais
carente estão obrigando os estabelecimentos privados de ensino
superior a mudar o seu perfil.
Um estudo feito pela consultoria Hoper para o 9º Seminário de
Marketing Escolar -que acontece em 27 de agosto, em São Paulo- mostra que, de 1997 a 2002, o
preço médio da mensalidade de
208 cursos de administração das
regiões Sul e Sudeste caiu 22%, de
R$ 498 para R$ 387.
Um dos autores do estudo, o
consultor de marketing educacional Ryon Braga, afirma que essa
redução se deve, principalmente,
à oferta de novos cursos de administração, que chegam ao mercado oferecendo uma mensalidade
menor do que a das instituições já
estabelecidas.
Braga diz que a expansão do ensino superior, antes restrita às
classes A e B, já chegou à classe C.
"Na década de 90, havia uma demanda bastante reprimida nas
classes A e B. A partir de 2000, essa demanda já foi atendida, e as
projeções indicam que, a partir de
agora, o crescimento do ensino
superior acontecerá apenas nas
classes C e D", diz Braga.
Para isso, o consultor afirma
que as instituições de ensino superior terão de encontrar uma
maneira de oferecer cursos com
mensalidades mais baratas, sem
perda da qualidade.
"Acabou a fartura. Apesar do
crescimento significativo das matrículas nos últimos anos, a realidade do ensino superior não é
mais aquela que as pessoas imaginam. As instituições hoje são preparadas para atender apenas as
classes A e B. O valor das mensalidades não é compatível com o que
pode pagar a classe C, onde crescerá a demanda", afirma.
No estudo, a Hoper leva em
conta que uma família brasileira
consegue comprometer até 25%
de sua renda com o pagamento de
mensalidades escolares. Como o
estudo considerou como sendo
de classe C um brasileiro com renda familiar de R$ 844, o máximo
que essa família poderia gastar
com educação seria R$ 211.
Mercado
Uma projeção feita pelo ex-ministro e hoje consultor educacional Paulo Renato Souza mostra a
mesma realidade indicada por
Braga. Segundo Paulo Renato, a
classe C representará 60% dos estudantes de ensino superior até o
ano de 2008.
"Será preciso oferecer um serviço mais adequado a essa classe,
com custos mais baixos. O problema é que a eficiência nunca foi
uma preocupação porque não havia competição no setor."
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