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Fila para a córnea chega a zero em SP e no litoral
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A fila para o transplante de
córneas na Grande São Paulo e
no litoral chegou a "zero" na última segunda. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, foi a
primeira vez na história que isso ocorreu em SP.
A melhora fez que o número
de inscrições de pacientes na
Central de Transplantes praticamente empatasse com o de
cirurgias realizadas. Em agosto,
6,3 pacientes em média se inscreveram por dia, enquanto 6
transplantes foram feitos.
O técnico de laboratório Ivan
Carlos de Mello, 38, foi um dos
beneficiados. Ele conta que tinha ceratocone (afinamento
progressivo da porção central
da córnea) desde os 13 anos e
que sua lente já não firmava em
razão da deformação. Seu olho
direito foi operado no hospital
São Paulo 20 dias após sua inscrição. "Não tive a dor de cabeça da espera", diz. "Por ser SUS,
até que estão de parabéns".
Luiz Augusto Pereira, coordenador da Central de Transplantes, coloca a parceria com o
Banco de Olhos de Sorocaba, o
maior do país, como fator primordial para o resultado.
"A secretaria passou a regular os transplantes em 2000,
por meio da central. Antes ficava a cargo de cada banco de
olhos de diferentes hospitais. O
tempo de espera chegava a dois
anos. Firmamos o acordo com
o Banco de Olhos em 2005 e ele
teve uma atuação grande em
São Paulo, ajudando a diminuir
a fila que era de 2.000 pessoas."
O banco de olhos foi alvo de
polêmica em 2007 em razão de
uma disputa sobre qual profissional poderia captar córneas
para transplante -enfermeiros
ou técnicos. Os trabalhos foram
paralisados por 60 dias.
Balanço
As três regiões em que a fila
chegou a zero (capital, região
metropolitana e litoral) são
responsáveis por cerca de 50%
das córneas captadas no Estado. Nesses locais, mais da metade dos procedimentos em agosto ocorreram menos de um mês
após a inscrição, o que é considerado um período bom pelo
presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante
de Órgãos), Valter Duro Garcia.
"É o tempo para a realização
de avaliações e para marcar o
procedimento", afirma.
Diferentemente da capital, o
interior enfrenta dificuldades.
A região de Campinas e Sorocaba, por exemplo, tem 431 pessoas na fila de espera.
Com a demanda atendida na
capital, a secretaria quer voltar
recursos para suprir necessidades no interior. "Poderemos direcionar nossas córneas para
outras regiões. Uma hora a fila
vai acabar no Estado inteiro",
diz Luiz Augusto Pereira.
Há um grande contraste no
número de transplantes de córneas no Brasil. Enquanto em
São Paulo é feita quase a metade dos procedimentos -foram
4.920 em 2007- em outras regiões o serviço é quase inexistente, como em Alagoas -onde
houve dois transplantes.
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