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"É vandalismo mesmo", diz grafiteiro
DA REPORTAGEM LOCAL
"Isso é tudo sujeira. Se fosse algo artístico, tudo bem. Mas é só
nome de gangue. Avacalha a cidade e denegriu meu estabelecimento", desabafa Rui Fernandes, 44,
proprietário de um café que foi alvo de pichadores.
A expressão urbana mais marginalizada que há ganha condição
de vandalismo entre vítimas dos
rabiscos de spray, cidadãos e até
no meio dos próprios pichadores.
"É vandalismo mesmo. Deixa a
cidade feia mesmo", decreta Negão, 25, pichador e grafiteiro.
Só neste ano, a prefeitura gastou
R$ 1 milhão na limpeza de viadutos, pontes e passarelas. Segundo
estimativas da Coordenadoria da
Juventude da prefeitura, existem
5.000 pichadores em São Paulo,
com idades que vão de 15 a 30
anos. Segundo pichadores, a tribo
soma mais de 10 mil pessoas, entre meninos e meninas, da periferia e da classe média.
Para o secretário das Subprefeituras de São Paulo, Carlos Zaratini, a ação dos pichadores é "extremamente prejudicial". Segundo
ele, há três grandes problemas hoje na cidade: a pichação, o entulho
espalhado e o roubo de cabos e
fios. "A pichação é o que estamos
conseguindo reduzir mais rapidamente."
Para Alexandre Youssef, da
Coordenadoria da Juventude, há
dois caminhos de combate à pichação: "Investir na arte urbana e
no grafite e apagar insistentemente locais pichados".
Além de intensificar a poluição
visual da cidade, o impacto maior
das pichações de São Paulo é no
bolso dos proprietários de imóveis atingidos. Um imóvel pichado perde cerca de 10% de seu valor, estimam analistas.
Segundo Luiz Fernando de
Queiroz, vice-presidente da Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil, a pichação causa
um prejuízo de R$ 8 bilhões para
o mercado de imóveis da cidade.
"Em Curitiba, uma iniciativa simples tem dado bons resultados ",
conta ele. "São os zeladores de vizinhança, que limpam pichações
todos os dias e frustram os pichadores com ações imediatas."
Em São Paulo, pichadores sinalizam que a medida pode ter sucesso. "Por que ninguém picha
nos Jardins? Porque não dura nada. No dia seguinte, já era", diz DJ,
21, da gangue "Cripta". (FM)
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