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A conta-gotas, favela é urbanizada
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando chegou, há 13 anos, ao
Jardim Santa Lúcia, o baiano Genário Nascimento da Cruz, 32, encontrou um cenário pouco animador: a favela -resultado da
ocupação de um terreno da prefeitura na região de mananciais da
represa Guarapiranga (extremo
sul de São Paulo)- tinha vielas
de terra batida, casas sem água
encanada e um córrego que, além
de ser esgoto a céu aberto, transbordava nas chuvas de verão, juntando ratos e causando doenças.
Inconformado com a situação,
Cruz começou a pensar em como
poderia resolvê-la, mas só em
2000 fundou a associação de moradores do bairro, que preside. A
entidade procurou a prefeitura,
na gestão Celso Pitta (1997-2000),
e pediu a urbanização da área.
As obras começaram em 2000,
no Programa Guarapiranga, que
previa a recuperação de favelas
nas bordas do reservatório e foi financiado em parte pelo Banco
Mundial. A partir daí, porém, seguiram a conta-gotas: foram interrompidas em 2001, retomadas
no ano seguinte, voltaram a parar
em 2003 e devem ser finalizadas
neste ano, segundo Cruz. Tudo ao
sabor da existência ou não de recursos para a sua conclusão.
A questão financeira é sempre
um problema, admite o secretário
da Habitação de São Paulo, Paulo
Teixeira. Ele estima que a gestão
Marta Suplicy vai gastar uma média de R$ 50 milhões por ano no
Bairro Legal, programa de urbanização e regularização de favelas.
A verba poderá praticamente
dobrar neste ano se chegarem recursos esperados de convênios
com a CDHU, o BID e da venda
de outorga onerosa (direito de
construir acima do permitido).
Cruz não reclama do atraso nas
obras. "Só de terem pavimentado
as ruas, canalizado o córrego Botucatu, de não termos mais as casas invadidas por água e ratos, de
termos coleta de lixo e um endereço de verdade, onde o carteiro
pode deixar a correspondência, já
nos sentimos mais cidadãos."
A menina dos olhos de Cruz é o
telecentro com 20 computadores
instalado na sede da associação
do bairro. "Agora as crianças têm
aula de informática e não ficam
mais na rua o tempo todo."
Antes da urbanização, as cerca
de 300 famílias que moram no
Jardim Santa Lúcia viviam com
medo de ser despejadas, diz Cruz.
"Ninguém melhorava a casa porque achava que podia chegar um
dia e ter sido despejado." Agora,
afirma, tudo mudou.
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