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Morar sozinho é tendência mundial
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO
O aumento do número de pessoas que vivem sozinhas nas
grandes cidades, por opção ou
contingência, não é uma característica brasileira, e sim uma tendência mundial.
As razões apontadas para o fenômeno são, entre outras, o aumento dos pedidos de divórcio, a
maior longevidade da população
-a morte de um dos cônjuges
obriga o outro viver sozinho
quando a família não o acolhe-,
o adiamento da decisão de casar
entre os jovens e o crescimento
das uniões informais, em que os
cônjuges optam por morar em casas separadas.
No Brasil
São Paulo é, em números absolutos, a cidade brasileira com
mais moradores que vivem sozinhos -o que reflete a sua magnitude demográfica (mais de 10,4
milhões de habitantes). Em 2000,
318.080 pessoas moravam desacompanhadas na capital paulista
-uma em cada grupo de 30 habitantes. O Rio de Janeiro vem em
segundo lugar, com 244.619; Porto Alegre, em terceiro, com
75.896; Salvador, em quarto, com
70.041; e Belo Horizonte, em
quinto, com 69.055.
A capital gaúcha, no entanto,
tem a maior proporção de domicílios unipessoais: 17,2%. Percentualmente, São Paulo cai para a
oitava posição, com 10,7%, ficando atrás do Rio (13,6%), de Florianópolis (12,9%), de Vitória
(11,9%), de Curitiba (11,3%), de
Belo Horizonte (11,0%) e de Salvador (10,8%).
Os números globais das capitais, divulgados no final do ano
passado, ainda são objeto de estudo. Para Luiz Antonio Pinto de
Oliveira, do IBGE, os altos percentuais das capitais da região Sul
e do Rio de Janeiro eram esperados porque são municípios com
uma estrutura etária mais envelhecida e, na maior parte desses
domicílios, o ocupante é uma mulher -que possui maior expectativa de vida.
Em relação a Belo Horizonte e a
Vitória, a questão pode estar relacionada com processos de ocupação nas últimas décadas e com características específicas dessas cidades, segundo Oliveira.
No que se refere a Salvador, o
percentual está relacionado a processos internos de migração e de
distribuição habitacional urbana.
A cidade de São Paulo apresentou um ritmo de crescimento menor do que o do país -25,9%
contra 30%.
De acordo com Oliveira, trata-se de um ritmo de crescimento relativo superado pelas regiões que
se vão incorporando a esse movimento demográfico, que começou primeiramente no centro-sul
do Brasil.
No exterior
Em cidades americanas, os indicadores são significativamente
maiores: em Washington, era de
39,5% nos anos 80 e subiu para
41,5% nos anos 90; em Nova York,
pulou de 26% para 27,2%, de
acordo com dados do censo.
Nos Estados Unidos, 25,5% das
casas têm apenas um morador. A
variação foi pequena na última
década, de apenas 0,9 ponto percentual. Mas, em relação à década
de 70, houve um aumento de 8,4
pontos percentuais.
No Reino Unido, pesquisa da
The Future Foundation, divulgada pela BBC no início de 2002, revela que morar desacompanhado
já é a situação mais comum. O estudo informa que, pela primeira
vez na história do país, a soma das
pessoas que vivem sós ou como
pais solteiros é maior do que a das
que vivem no formato familiar
tradicional. A pesquisa tinha como objetivo medir as mudanças
que a família sofreu no Reino
Unido nos últimos 40 anos.
Uma outra pesquisa -do Centro de Estudos de Políticas Familiares Independentes-, divulgada em 2000, mostrou que 28% das
casas do país eram habitadas por
apenas uma pessoa -o triplo do
indicador apurado em 1960.
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