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MASSACRE NO CENTRO
Segundo dirigente de unidade onde estão moradores de rua, ameaçado é sobrevivente de ataque
Policial suspeito de ameaça não se identificou em hospital
DA REPORTAGEM LOCAL
O superintendente do Hospital
do Servidor Público Municipal,
Giovanni Di Sarno, diz que o policial suspeito de ter ameaçado com
uma arma um morador de rua
que está internado no local não
quis se identificar na noite do último dia 30, quando foi à unidade
para escoltar a vítima ao lado de
uma investigadora.
Em entrevista na manhã de ontem, Di Sarno refutou a informação apresentada pela polícia de
que o ameaçado seria um paciente que nada tem a ver com os moradores agredidos no centro de
São Paulo. "Estou reafirmando
que se trata de um dos agredidos.
Só peço que nos deixem trabalhar", afirmou à Folha.
Segundo Di Sarno, os investigadores que estavam na escolta descumpriram acordo feito entre a
polícia e o hospital de que qualquer conversa teria de ser acompanhada por funcionários e integrantes do Ministério Público.
Ele afirmou que abrirá uma investigação interna para saber como funcionários permitiram a
entrada do investigador sem
identificação e a tentativa de conversa com o paciente sem acompanhamento.
Questionado sobre o viés político do caso -Estado e prefeitura
trocam acusações e a polícia investiga a guarda civil do município-, Di Sarno disse que em nenhum momento procurou a imprensa para relatar o ocorrido.
Disse que ontem ficou à disposição para esclarecimentos em razão dos pedidos de entrevista recebidos na última sexta-feira.
Anteontem o investigador, do
DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que
apura os ataques, foi afastado de
suas funções operacionais em razão da suspeita de ameaça. A corregedoria da polícia está investigando o caso.
O superintendente apresentou
um relato mais detalhado da suposta ameaça. A vítima seria o
morador de rua Regildo -só o
primeiro nome foi identificado
-,que estava no leito sete da UTI
do sexto andar no dia 30, já sem a
ajuda de ventilação mecânica.
Segundo Di Sarno, a enfermagem já havia relatado que ele estava "agitado e confuso", também
por causa dos remédios que estava tomando. Após o caso da suposta ameaça, em razão da melhora, Regildo foi transferido para
a enfermaria e apresenta prognóstico regular, segundo boletim
divulgado ontem pelo hospital.
No dia da ameaça, além de Regildo, havia outros três pacientes
que nada têm a ver com os casos
de agressão na ala da UTI onde estava o morador de rua, relata Di
Sarno. Além disso, uma enfermeira faziam plantão por volta das
22h, e ainda quatro auxiliares e
dois médicos.
Di Sarno afirma que em determinado momento os investigadores pediram à enfermeira chefe
para entrar no quarto -aguardavam na porta antes. "De repente
houve uma alta do tom de voz",
afirma. Alguns dos funcionários,
afirma, teriam visto o investigador apontando a arma para a cabeça de Regildo.
O superintendente afirmou não
saber quantos funcionários que
estavam no local viram a cena e o
que o investigador teria dito ao,
supostamente, apontar a arma.
Após o incidente, os policiais
deixaram o quarto e permaneceram, em "situação constrangedora", na porta do local até o dia seguinte, quando houve troca da escolta. No dia 2 de setembro, quinta-feira passada, Di Sarno disse
ter recebido a visita de investigador-chefe do DHPP que assinou
documento do hospital que relata
o caso.
Segundo Di Sarno, o delegado
do DHPP Armando de Oliveira
Costa Filho telefonou pedindo
desculpas na data. "Disse que incidentes como esses não ocorreriam mais."
O superintendente destacou
ainda que Ivanildo Ferreira, suposto morador de rua que a polícia diz que o investigador procurava ao entrar no quarto, teve alta
no dia 14, o que foi divulgado pelo
hospital.(FABIANE LEITE)
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