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Salvador lidera reajuste acima do INPC
DA REPORTAGEM LOCAL
Se as tarifas de ônibus das principais capitais brasileiras tivessem
sido corrigidas nos últimos nove
anos pela variação nacional do
INPC, elas custariam hoje entre
R$ 0,92 (em Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e Salvador) e R$
1,32 (em São Paulo). Na prática,
entretanto, elas variam de R$ 1,30
(Recife) a R$ 1,70 (São Paulo).
A capital da Bahia, alvo de uma
série de protestos nas últimas semanas contra a elevação da passagem de R$ 1,30 para R$ 1,50, foi a
que mais superou -em 62,2%-
a correção inflacionária.
Em São Paulo, os maiores reajustes ocorreram na gestão Celso
Pitta (1997-2000), quando a tarifa
de ônibus subiu 43,75% e a inflação, 22,06%. O ex-secretário de
Comunicação de Pitta Antenor
Braido alega que a prefeitura não
tinha como controlar os aumentos por causa dos contratos feitos
na administração Luiza Erundina
(1989-1992), que previam a remuneração das viações de acordo
com as despesas, e não com a
quantidade de passageiros.
O diretor-adjunto de gestão
econômica e financeira da
SPTrans (órgão municipal que
cuida do transporte coletivo) do
governo Marta Suplicy (PT),
Adauto Farias, culpa os custos do
setor pela elevação da passagem,
mas relativiza a redução de 2 milhões de viagens diárias.
"A queda na renda do trabalhador e a tarifa com certeza fizeram
a procura cair, mas não chegou a
ser nessa dimensão", diz Farias,
para quem as greves, a expansão
do metrô, a integração nos terminais e a subnotificação dos usuários das lotações também contribuíram para esse resultado.
"É um fenômeno geral. A tarifa
nada mais é do que os custos rateados entre os usuários pagantes", diz Jurandir Fernandes, secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, sobre os reajustes do Metrô paulista.
"Há uma consciência hoje de
que é uma política suicida [pressionar por reajustes]. Esse convencimento é recente", diz Otávio
Cunha, presidente da NTU (Associação Nacional das Empresas de
Transportes Urbanos).
Nas últimas semanas, empresários e especialistas do setor encaminharam propostas ao presidente Lula que levariam à diminuição das tarifas cobradas dos
usuários. Um parecer técnico da
Casa Civil diz que Lula "teria ficado impressionado" com os dados
sobre a exclusão social do transporte e sugere ao ministro José
Dirceu que concorde com as reivindicações -que vão da mudança nos critérios das gratuidades à desoneração tributária.
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