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Lama preta põe em risco terras férteis da região
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CATAGUASES
Mesmo vivendo em terras consideradas férteis, os produtores
rurais de Cataguases, na maioria
pequenos proprietários, nunca
imaginaram que um acidente ambiental pudesse pôr em risco o futuro das terras, muitas passadas
de pai para filho.
O agricultor Antônio Luís Amorim, 44, que possui um hectare de
terra na fazenda familiar Boa Vista, é um desses. As plantações de
batata, mandioca, jiló, quiabo,
abóbora, feijão e mamão estão todas perdidas, cobertas por uma
lama preta e endurecida, resultado do estouro, há oito dias, da
barragem com rejeitos tóxicos.
"Isso tudo era para abastecer a
casa. Não sou assalariado, o meu
ganho é esse. Tenho seis filhos e a
mulher", disse Antônio, que completa a renda fazendo trabalhos
em terras vizinhas, pelos quais recebe uma diária de R$ 8.
Agora, o agricultor busca sem
sucesso informações sobre o futuro do solo da sua propriedade. É o
que todos no distrito de Aracati
querem saber. Dependendo da
toxicidade da mistura preta que
atingiu as terras, o solo poderá ficar contaminado por um bom
tempo, dizem os técnicos.
Mas isso ainda é uma suposição.
Somente exames detalhados no
solo poderão indicar se estão com
as terras comprometidas os cerca
de 40 produtores rurais que estão
na boca da grota, por onde os milhões de litros do chamado licor
preto desceram, às margens do ribeirão do Cágado.
Nem todos os produtores rurais
de Cataguases têm a calma de Antônio. Alguns falam do acidente
com indignação e cobram os seus
prejuízos. Na noite de quinta-feira, na Câmara Municipal de Cataguases, durante uma audiência
pública para debater o acidente e
os seus efeitos, outro Antônio demonstrou toda a sua revolta.
Representando vários pequenos agricultores que vivem às
margens do Cágado e do rio Pomba, para onde toda a mistura tóxica escorreu, Antônio Pereira Pina,
73, o "seu" Tufi, disse: "Todos nós
somos sofredores, perdemos as
capineiras, os pastos, os arrozais.
Nós somos as maiores vítimas".
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