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SAÚDE
A "contagem de carboidratos", feita sob orientação profissional, torna a escolha do cardápio mais flexível
Dieta adaptada auxilia jovem diabético
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Viver bem com o diabetes é um
desafio para os jovens portadores
do tipo 1, modalidade da doença
que costuma dar os primeiros sinais na infância e início da adolescência. Para manter o diabetes
controlado, esses jovens pacientes
têm de tomar várias doses de insulina por dia, planejar a alimentação, avaliar com atenção os imprevistos-uma rotina difícil de
ser adaptada ao "turbilhão" da
adolescência.
Graça Maria de Carvalho Camara, psicóloga e diretora-executiva
da ADJ (Associação de Diabetes
Juvenil), diz que, apesar de difícil,
é preciso incorporar os hábitos e
buscar uma vida normal. "Eles
não são diferentes de outras pessoas. Apenas têm outras rotinas."
Algumas "estratégias" e condicionamentos ajudam a estruturar a
rotina, dizem especialistas.
O diabetes melito é um distúrbio metabólico, causado pela ausência de insulina ou incapacidade desta de agir adequadamente.
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que possibilita a entrada de açúcares, como a
glicose, nas células. Sem a insulina, aumenta o nível de açúcar no
sangue e, se não houver controle,
começam a ocorrer várias alterações, principalmente nos olhos,
coração e rins.
O diabético que sofre do tipo 1
da doença não produz insulina ou
a produção é tão baixa que não faz
diferença.
"Quando me formei, em 1987, a
dieta básica [do diabético" era
pautada por quantidades pequenas, fracionadas, e restrições. Nos
últimos anos, começamos a
aprender mais sobre os alimentos. Você não precisa necessariamente de uma alimentação toda
diet, desde que saiba balancear",
afirma a endocrinologista Denise
Franco, do conselho médico consultivo da associação.
A "contagem de carboidratos" é
uma estratégia que dá maleabilidade ao dia-a-dia do diabético e,
por isso, tem uma boa aplicabilidade ao jovem portador.
Açúcares, como a glicose e a frutose, são tipos de carboidratos.
Essas substâncias, encontradas
em doces, frutas e massas, são
contabilizadas nos alimentos para
a aplicação da estratégia.
Introduzida pela Associação
Americana de Diabetes em 1995, a
contagem chegou há pouco tempo ao país e só deve ser aplicada
sob orientação profissional, diz a
a nutricionista Alessandra Souza,
da ADJ. Ela dá um exemplo de
aplicabilidade: um adolescente
que, durante a correria do dia-a-dia, necessita substituir um almoço completo previsto em sua dieta, com arroz, feijão, peito de frango assado, salada, suco de limão e
gelatina de sobremesa, por um
lanche com cachorro-quente, batata frita e refrigerante diet.
A quantidade de carboidratos
do lanche deve ser igual à do almoço, para que ele não tenha problemas com sua dosagem de insulina. Depois de aprender sobre as
quantidades de carboidratos de
cada alimento com o nutricionista, o adolescente pode balancear a
quantidade dos "componentes"
do lanche. Assim poderá consumir quantidade de açúcar igual à
do almoço completo e não interferir no controle da doença.
Mas fazer trocas para alimentos
não tão nutritivos com frequência
pode aumentar o peso corporal e
os níveis de gordura, o que também compromete o controle do
diabetes, explica Alessandra. "A
contagem não é uma fórmula mágica. Ela existe para abrir o leque
de opções de alimentos para que
pessoas com diabetes não precisem se privar de alguns deles."
Segundo Graça, a maior parte
dos jovens relata dificuldades
com os horários rígidos das doses
de insulina e a necessidade de alimentação com horário. "Mas não
dá para sair de casa com um café
preto. Na medida em que ele administrou a insulina, tem que se
alimentar." Se o jovem aplicar o
hormônio e não comer, "sobra"
insulina no organismo. O hormônio permite a absorção rápida do
pouco de açúcar que ainda está no
sangue. A falta de açúcar pode gerar tontura, sudorese, tremores,
desmaios e até convulsões.
"O jovem deve carregar barras
de cereal e bolachas, para nunca
pular refeições", afirma a diretora. De acordo com ela, outro problema frequente é o consumo de
bebidas alcóolicas, que geralmente começa na adolescência. O álcool, dependendo da quantidade,
impede o fígado de liberar glicose.
O jovem diabético não deve beber
muito e nunca pode fazer isso sem
se alimentar.
ADJ: www.adj.org.br ou 0800-100627
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