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Mais rigor na idade reduz dano nos EUA
DA REPORTAGEM LOCAL
A fórmula parece perfeita e provou que dá resultados, pelo menos nos EUA: para reduzir o número de acidentes envolvendo jovens embriagados, os norte-americanos aumentaram de 18 para 21
anos a idade mínima exigida para
a compra de bebida.
E estabeleceram punições pesadas para quem descumprir tal ordem: o jovem perde a carteira de
habilitação, mesmo que não esteja dirigindo. O dono do bar ou
restaurante paga multa e perde a
licença para vender bebidas.
Desde que a idade mínima foi
alterada, em 1978, o número de
acidentes caiu em mais de 30%
em todo o território norte-americano. Entre os defensores da
"educação pela punição" estão
Harold Holder, diretor do Prevention Research Center, da Califórnia, e Yifrah Kaminer, da Universidade de Connecticut (EUA).
Os dois são especialistas em álcool
e adolescência e estiveram presentes no 15º congresso da Abead,
Associação Brasileira de Estudos
de Álcool e Outras Drogas.
"Só dizer para o jovem que ele
corre perigo ao beber e dirigir não
significa nada", diz Holder. "O jovem se sente à prova de bala."
São os princípios de Holder e
Kaminer, partilhados por grande
número de especialistas, que estão sendo experimentados em
Paulínia. Eles não acreditam que
só a educação mude comportamentos. Mesmo o "beber responsável", prática adotada na Austrália, eles consideram controversa e
ainda sem respaldo de pesquisas.
Os dois defendem o que chamam de "redução de danos na comunidade", em que as atitudes
são tomadas em nome da coletividade, e não somente do indivíduo. "Em lugar de focar as ações
na pessoa, focamos na comunidade, combinando estratégias educativas com estratégias de controle", afirma o psiquiatra Marcos
Romano, que participa do projeto
de Paulínia.
A idéia, no início, é informar os
proprietários dos bares e treinar
seus responsáveis e funcionários.
Numa segunda fase, eles serão advertidos e informados de que poderão ser fechados e multados.
Numa terceira, finalmente, serão
multados e poderão ser fechados.
Dentro do lado "educativo", os
responsáveis pelo projeto de Paulínia vão colocar em prática uma
idéia ousada e polêmica. Segundo
Romano, dezenas de estudantes
menores de 18 anos receberão
uma certa quantia em dinheiro e
tentarão comprar bebidas alcoólicas nos bares de sua região.
Depois, uma pirâmide com as
garrafas será montada em praça
pública. "A idéia é dizer aos pais:
"Vejam o que vocês estão fazendo
com seus filhos"."
Tanto Romano quanto os dois
norte-americanos destacam a importância de as medidas serem tomadas em concordância com a
comunidade. "Se não houver
apoio da cidade, nenhuma política será adotada." Os americanos
também defendem o fechamento
de bares em algum momento da
noite ou madrugada.
(AB e CC)
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