|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Prefeitura de SP aposta nas APAs
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o ritmo de desmatamento da
cidade de São Paulo se mantiver,
em 70 anos a vegetação remanescente (760 kmē) cairá pela metade.
A constatação está feita, mas fica a
pergunta: como impedir a consolidação da selva de pedra?
A resposta imediata da Secretaria Municipal do Verde e do Meio
Ambiente está na criação de duas
Áreas de Proteção Ambiental
(APAs): uma no extremo leste e
outra no extremo sul da cidade.
A idéia é, ao mesmo tempo, evitar que as regiões continuem a
perder vegetação e formar corredores que liguem as principais
áreas verdes da capital, possibilitando à fauna e à flora mobilidade
que é fundamental para a manutenção da riqueza da biodiversidade -quando não migram, as
espécies sofrem empobrecimento
genético, consequência de cruzamentos consanguíneos.
No leste, a APA Cabeceiras do
Aricanduva deve fazer uma ponte
com a APA do Carmo e as matas
remanescentes de Ferraz de Vasconcelos e Poá (Grande SP). No
sul, a APA da península do Bororé, na margem da represa Billings,
se liga à APA Capivari Monos.
A área de proteção ambiental é
uma unidade de conservação de
uso sustentável, dentro da qual é
possível ter moradores e atividades econômicas, desde que seja
seguido um zoneamento. A área é
gerenciada por um conselho onde
a população local tem voz.
Os projetos estão em análise no
gabinete da prefeita Marta Suplicy
(PT), de onde deverão ir para votação na Câmara Municipal.
"As APAs, apesar de não serem
fáceis de gerenciar, são uma boa
idéia porque possibilitam às pessoas da região se envolver e assumir uma parte da responsabilidade pela preservação da área", diz
Pedro Jacobi, do Procam/USP.
Mas é preciso também atacar a
raiz do problema, diz, fornecendo
infra-estrutura para quem vive de
forma precária nos locais desmatados e criando condições de parar a migração para a periferia, o
que se consegue apenas com políticas de habitação e emprego.
"A questão habitacional é mesmo central, mas não é problema
só da prefeitura. É problema do
Estado e da União também", sustenta a geóloga Harmi Takiya,
subprefeita da Mooca (zona leste
de SP) e uma das coordenadoras
do atlas ambiental.
(MV)
Texto Anterior: "Depois que derrubaram a mata, melhorou" Próximo Texto: Poluição nutritiva: Água mais limpa "mata" pesca na Billings Índice
|