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William, 8, anda uma hora até a escola
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo desempregada, Maria
Trindade Dias, 41, levanta de madrugada e, às 6h15, já está na porta
de sua casa, no Jardim Ângela, extrema zona sul de São Paulo.
O motivo, apesar de nobre, é sacrificante: ela leva o filho William,
8, a pé até a Escola Municipal de
Ensino Fundamental Herbert de
Souza, no Capão Redondo, que
dista mais de 2,5 km de sua casa.
O trajeto a pé leva uma hora.
No caminho, ela cruza com peruas do Vai-e-Volta, criado para
atender aos alunos mais novos da
rede municipal que têm famílias
de baixa renda e moram a mais de
2 km da escola. William preenche
os três principais requisitos do
programa. A prefeitura alega que
há prioridades e que será feito um
recadastramento dos beneficiados do programa.
"Há dois anos eu tento colocar
ele no programa. Ele reclama de
ter de andar tanto, chora. Por isso
pago R$ 35 para uma perua trazer
ele para casa na hora da saída.
Quando fica muito apertado, peço dinheiro para minha mãe para
pagar esse transporte", conta ela,
que é analfabeta e diz fazer questão de ter os filhos na escola.
Porcino dos Reis Miranda, 12,
está na idade de atendimento,
mas vai de lotação para a escola,
distante mais de 5 km de sua casa.
"Tenho colegas que moram aqui e
tem transporte." Sua mãe, Analice dos Reis Miranda, 46, diz desconfiar do programa. "A prefeitura gosta de dizer que existe Vai-e-Volta. Só que ele não funciona. Se
é para ter, que seja para todos. Se
não dá para todos, que não seja
para ninguém."
(FM)
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