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Daniela Thomas, diretora da propaganda do Free, diz que idéia de mensagem subliminar é "fantasia em alto grau"
"Comercial é só um clipe para vender cigarro"
DA REPORTAGEM LOCAL
A diretora Daniela Thomas ri
quando ouve falar de mensagem
subliminar, de imagens que duram três décimos de segundo no
comercial do cigarro Free que ela
dirigiu com Carolina Jabor.
"Imagina, colocar imagens para
hipnotizar alguém... Isso é mentalidade de quinta, coisa de "Big
Brother". Parece Arquivo X. Soa
teoria conspiratória. Parece coisa
de nerd, que vê segundas intenções em tudo. É só um clip para
vender cigarro", fala, em ritmo de
metralhadora.
Daniela -uma das mais importantes cenógrafas do país e co-diretora do filme "Terra Estrangeira", com Walter Salles- diz
ter orgulho de a publicidade de cigarro ter sido banida da TV no
Brasil. "Acho uma conquista. Coisas danosas à saúde têm de estar
fora da TV", diz, citando as campanhas de cerveja como exemplo
do que deveria ser uma preocupação futura.
Mas classifica como "um exercício de futilidade" o fato de o Ministério Público estar prestes a
abrir um processo contra um comercial que já não é mais exibido.
Segundo Daniela, todas as campanhas do Free que ela dirigiu (a
primeira delas foi em 1992) respeitam a legislação brasileira. "A
lei, na época, talvez fosse altamente liberal, mas era a lei vigente."
A acusação do Ministério Público de que há mensagens subliminares no comercial do Free deriva, na opinião de Daniela, de um
profundo desconhecimento dos
bastidores da publicidade.
"Jamais ouvi, em qualquer instância da publicidade brasileira, a
menor menção a mensagem subliminar. Isso é fantasia em alto
grau", defende.
Diz ter recebido só uma orientação da Souza Cruz: não fazer nada
que ferisse a lei. De resto, diz, havia liberdade total de criação.
A diretora diz que nem se lembra de imagens de três décimos de
segundo, que denotariam mensagem subliminar, na interpretação
do Ministério Público: "Se é que
tem imagem com essa duração, a
única conotação dela é dar ritmo
ao comercial. Isso é muito usado
em videoclipe, e o comercial do
Free usava essa linguagem. É só
um clipe para vender cigarro. Não
há esse grau de manipulação que
o Ministério Público viu em comerciais de cigarro".
(MARIO CESAR CARVALHO)
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