São Paulo, domingo, 08 de setembro de 2002

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Daniela Thomas, diretora da propaganda do Free, diz que idéia de mensagem subliminar é "fantasia em alto grau"

"Comercial é só um clipe para vender cigarro"

DA REPORTAGEM LOCAL

A diretora Daniela Thomas ri quando ouve falar de mensagem subliminar, de imagens que duram três décimos de segundo no comercial do cigarro Free que ela dirigiu com Carolina Jabor.
"Imagina, colocar imagens para hipnotizar alguém... Isso é mentalidade de quinta, coisa de "Big Brother". Parece Arquivo X. Soa teoria conspiratória. Parece coisa de nerd, que vê segundas intenções em tudo. É só um clip para vender cigarro", fala, em ritmo de metralhadora.
Daniela -uma das mais importantes cenógrafas do país e co-diretora do filme "Terra Estrangeira", com Walter Salles- diz ter orgulho de a publicidade de cigarro ter sido banida da TV no Brasil. "Acho uma conquista. Coisas danosas à saúde têm de estar fora da TV", diz, citando as campanhas de cerveja como exemplo do que deveria ser uma preocupação futura.
Mas classifica como "um exercício de futilidade" o fato de o Ministério Público estar prestes a abrir um processo contra um comercial que já não é mais exibido.
Segundo Daniela, todas as campanhas do Free que ela dirigiu (a primeira delas foi em 1992) respeitam a legislação brasileira. "A lei, na época, talvez fosse altamente liberal, mas era a lei vigente."
A acusação do Ministério Público de que há mensagens subliminares no comercial do Free deriva, na opinião de Daniela, de um profundo desconhecimento dos bastidores da publicidade.
"Jamais ouvi, em qualquer instância da publicidade brasileira, a menor menção a mensagem subliminar. Isso é fantasia em alto grau", defende.
Diz ter recebido só uma orientação da Souza Cruz: não fazer nada que ferisse a lei. De resto, diz, havia liberdade total de criação.
A diretora diz que nem se lembra de imagens de três décimos de segundo, que denotariam mensagem subliminar, na interpretação do Ministério Público: "Se é que tem imagem com essa duração, a única conotação dela é dar ritmo ao comercial. Isso é muito usado em videoclipe, e o comercial do Free usava essa linguagem. É só um clipe para vender cigarro. Não há esse grau de manipulação que o Ministério Público viu em comerciais de cigarro".
(MARIO CESAR CARVALHO)


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