|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Operações de adenóide e amígdalas ocupam a segunda posição entre as mais realizadas de zero a dez anos
Cirurgia resolve ronco e respiração bucal
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
A criança respira pela boca, ronca durante o sono e não tem apetite. Da preocupação dos pais ao
diagnóstico de adenóide aumentada normalmente não se perde
muito tempo. O que pode demorar é a decisão de fazer a cirurgia.
Quanto mais cedo a operação é
feita, sobretudo antes dos três
anos de idade, maior a chance de
o problema voltar a ocorrer. Embora essa volta só ocorra na minoria dos casos, é considerada na
hora de recomendar a cirurgia. Os
médicos observam a idade do paciente, o grau de alteração da adenóide e avaliam se o desconforto
causado justifica a cirurgia.
A operação, que faz uma "raspagem" da adenóide, é mais recomendada entre os três e os sete
anos. Quando a criança chega a ficar alguns segundos sem respirar
durante o sono (apnéia noturna),
a cirurgia deve ser feita logo. Se o
problema não é tão grave, é possível aguardar um pouco, já que a
adenóide diminui com o tempo.
As operações de adenóide e
amígdalas ocupam a segunda posição entre as cirurgias mais realizadas em crianças de zero a dez
anos, segundo dados do Ministério da Saúde -a mais frequente é
a cirurgia de hérnia. A adenóide,
localizada na faringe, é um tecido
de defesa que fornece informações para a produção de anticorpos contra microorganismos presentes no ar. As amígdalas -cujo
aumento exagerado está quase
sempre associado ao da adenóide- fazem o mesmo com "invasores" presentes nos alimentos.
"A adenóide grava a memória
imunológica que será utilizada
para o resto da vida", diz Ney Penteado de Castro Júnior, professor
da Faculdade de Ciências Médicas
da Santa Casa de São Paulo e
coordenador do departamento
pediátrico da Sociedade Brasileira
de Otorrinolaringologia.
Pesquisa da Organização Saúde
Otorrino mostra que o aumento
de adenóide e amígdalas é a quarta doença tratada pela otorrinolaringologia mais frequente entre
crianças. Perde só para a rinite
alérgica, a otite média (inflamação no ouvido) e a respiração bucal relacionada à má postura.
Estudo realizado pela organização com 2.039 crianças de duas
comunidades carentes da zona
sul de São Paulo mostra que o
problema atinge 2% das crianças
em geral e 10% das que têm alguma doença de ouvido, nariz e garganta. Entre as que têm doenças,
apenas 2% já tinham sido atendidas por um médico. "São comuns
casos em que os pais não percebem alterações na criança, pois
acham que é normal respirar pela
boca, por exemplo", afirma o presidente da Organização Saúde
Otorrino, Oswaldo Laércio Mendonça Cruz, professor da Unifesp.
No nascimento, a adenóide está
retraída, mas cresce de forma lenta e progressiva até atingir seu
ponto máximo, normalmente aos
sete anos. A partir dos dez, começa a diminuir e, por volta dos 15, já
está novamente retraída.
Quando aumenta muito, a adenóide inviabiliza a respiração pelo
nariz. "O ar respirado pela boca é
mais frio, seco e impuro. A pessoa
fica mais sujeita a infecções respiratórias", diz o diretor da Fundação Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP, Edigar Rezende de Almeida.
Com o tempo, a respiração bucal pode causar alterações no céu
da boca e na arcada dentária. Em
adultos, o aumento pode estar relacionado a doenças como Aids e
mononucleose.
Texto Anterior: Padre é contra distribuição de camisinhas Próximo Texto: Pais dormem mal na primeira noite Índice
|