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Especialistas fazem ressalvas a iniciativa
DA REPORTAGEM LOCAL
As iniciativas do Ministério da
Saúde para facilitar o acesso às
drogas opiáceas foram elogiadas
pela Sociedade Brasileira para o
Estudo da Dor. Seus especialistas,
no entanto, fazem ressalvas.
Por exemplo, o Programa Nacional de Acesso Gratuito aos
Opiáceos ainda se limita a algumas instituições. Os três opiáceos
colocados à disposição restringem o tratamento. "Há pacientes
que são alérgicos ou não respondem a determinadas drogas, outros necessitam de um rodízio delas", diz Sandra Caires Serrano,
neurologista infantil e uma das
responsáveis pela Central da Dor
do Hospital do Câncer. "Achamos que o médico tem o direito
de prescrever a droga que considera mais indicada para o seu paciente, assim como ocorre com os
doentes de Aids."
Para a médica, que desde os sete
anos convive com a morte de familiares por câncer, os pacientes
hoje estão informados de seu direito de não sentir dor e cobram
isso da instituição e do Estado.
O país dispõe de mais de 20 tipos de opiáceo, incluindo os de
última geração. A oxicodona, de
liberação controlada, por exemplo, tem apenas duas tomadas
diárias e é bem tolerada. Mas não
é oferecida pela rede pública e
"seu custo ainda é um pouco elevado", diz o professor Manoel Jacobsen Teixeira, do Centro de
Dor do Hospital das Clínicas.
No geral, Teixeira avalia que
mudanças favoráveis aos pacientes vêm ocorrendo no mundo todo. "Antes, não se dava muita
atenção aos sintomas", diz. O médico pouco se importava se o paciente estava ou não sentindo dor.
"Esse quadro vem mudando
por conta das campanhas e dos
cursos de complementação médica", diz. "Médios e grandes hospitais têm hoje grupos de dor."
Vários laboratórios têm programas de informação voltados para
os médicos, como o "Divulga
Dor", que já atendeu cerca de 500
médicos em muitas cidades brasileiras. A ONG Aliviador, assim
como a Associação Médica Brasileira e suas associadas em cada
Estado, participam de programas
de informação em parceria com o
Ministério da Saúde.
No próximo dia 22, a Associação Paulista de Medicina promove uma jornada científica batizada de "Dor: Como eu Trato". Em
abril, a USP realiza seu congresso
sobre o alívio da dor, com atenção
especial para as novas drogas.
Segundo Teixeira, no Brasil os
opiáceos são mais usados para
dores do câncer, quando o maior
número de pacientes sofre com
dores crônicas como fibromialgias e osteoartrose e doenças causadas por lesões no sistema nervoso. "Para esses pacientes, a resistência por parte dos médicos
em receitar opiáceos é ainda
maior", diz.
(AB)
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