UOL


São Paulo, domingo, 09 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Especialistas fazem ressalvas a iniciativa

DA REPORTAGEM LOCAL

As iniciativas do Ministério da Saúde para facilitar o acesso às drogas opiáceas foram elogiadas pela Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. Seus especialistas, no entanto, fazem ressalvas.
Por exemplo, o Programa Nacional de Acesso Gratuito aos Opiáceos ainda se limita a algumas instituições. Os três opiáceos colocados à disposição restringem o tratamento. "Há pacientes que são alérgicos ou não respondem a determinadas drogas, outros necessitam de um rodízio delas", diz Sandra Caires Serrano, neurologista infantil e uma das responsáveis pela Central da Dor do Hospital do Câncer. "Achamos que o médico tem o direito de prescrever a droga que considera mais indicada para o seu paciente, assim como ocorre com os doentes de Aids."
Para a médica, que desde os sete anos convive com a morte de familiares por câncer, os pacientes hoje estão informados de seu direito de não sentir dor e cobram isso da instituição e do Estado.
O país dispõe de mais de 20 tipos de opiáceo, incluindo os de última geração. A oxicodona, de liberação controlada, por exemplo, tem apenas duas tomadas diárias e é bem tolerada. Mas não é oferecida pela rede pública e "seu custo ainda é um pouco elevado", diz o professor Manoel Jacobsen Teixeira, do Centro de Dor do Hospital das Clínicas.
No geral, Teixeira avalia que mudanças favoráveis aos pacientes vêm ocorrendo no mundo todo. "Antes, não se dava muita atenção aos sintomas", diz. O médico pouco se importava se o paciente estava ou não sentindo dor.
"Esse quadro vem mudando por conta das campanhas e dos cursos de complementação médica", diz. "Médios e grandes hospitais têm hoje grupos de dor."
Vários laboratórios têm programas de informação voltados para os médicos, como o "Divulga Dor", que já atendeu cerca de 500 médicos em muitas cidades brasileiras. A ONG Aliviador, assim como a Associação Médica Brasileira e suas associadas em cada Estado, participam de programas de informação em parceria com o Ministério da Saúde.
No próximo dia 22, a Associação Paulista de Medicina promove uma jornada científica batizada de "Dor: Como eu Trato". Em abril, a USP realiza seu congresso sobre o alívio da dor, com atenção especial para as novas drogas.
Segundo Teixeira, no Brasil os opiáceos são mais usados para dores do câncer, quando o maior número de pacientes sofre com dores crônicas como fibromialgias e osteoartrose e doenças causadas por lesões no sistema nervoso. "Para esses pacientes, a resistência por parte dos médicos em receitar opiáceos é ainda maior", diz. (AB)


Texto Anterior: Ministério quer um aumento de 20% no consumo
Próximo Texto: Dores faziam estilista perder os sentidos
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.