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Dores faziam estilista perder os sentidos
DA REPORTAGEM LOCAL
Por dez anos, a estilista Maria
Lúcia Braga, 59, sentia dores tão
fortes que desmaiava com frequência. "Doía da ponta dos pés à
ponta dos cabelos." Só anos depois a causa foi diagnosticada como uma fibromialgia grave.
Quando as dores chegavam ao
abdômen, ela perdia os sentidos.
Como morava próximo ao Hospital do Câncer, para onde era levada nesses casos, ela passou a ser
tratada pela Central da Dor daquele hospital. Hoje, toma três
medicamentos, um deles derivado da morfina.
"A dor não desapareceu de todo, mas voltei a ter o prazer de fazer minhas coisas. Devo isso às
médicas Sandra Caires e Ana Cecília Guedes, porque nem todos
os médicos são sensíveis à dor. Alguns diziam que minha dor era
imaginária."
O estudante Lucas Lopes dos
Santos Cintra, 15, está voltando
para Itororó, no sul da Bahia, onde está matriculado no primeiro
ano do ensino médio. "Estou animado para as aulas, só não vai dar
para jogar bola, por enquanto."
Há dois anos, Lucas foi operado
de um tumor na perna, mas a família só soube do diagnóstico de
câncer nove meses depois. Quando o Hospital do Câncer fez os
exames, constatou que o menino
sofria de sarcoma, um câncer do
tipo vertebral, já com metástases.
Desde novembro, ele está em tratamento no hospital com quimioterapia, à espera do melhor momento para uma cirurgia.
"Era difícil para uma mãe ver
um filho com tantas dores", diz a
mãe, Wilma Lopes Cintra, 35.
Tratado na Central de Dor do
hospital, Lucas diz se sentir animado e bem disposto. "Com o remédio, a dor passa em 15 minutos
e não sinto enjôo", diz. A família
está voltando para Itororó com
um estoque de remédios para a
dor e quimioterapia via oral que
ele receberá na própria cidade.
"A metástase não progrediu",
diz o pai, Carlos Leônidas Miranda Cintra, 40, comerciante e vereador em Itororó. "Agora, o Lucas está nas mãos da medicina e
do Todo Poderoso."
A dermatologista Alba Trindade, 50, conhece a dor como paciente e como médica. Há quatro
anos, ela foi submetida a duas cirurgias de hérnia de disco, que,
embora bem sucedidas, lhe deixaram com muitas dores em todo o
lado direito do corpo. "Eram dores terríveis, que me impediam de
qualquer atividade."
A médica conheceu o Centro de
Dor do Hospital das Clínicas por
meio da fisiatra Lin Yeng. "Hoje
me sinto muito bem. E estou convencida de que o tratamento da
dor precisa ser multidisciplinar,
com médicos, fisioterapeuta e terapeuta. A morfina é importante,
mas precisa fazer parte de um
conjunto de ações. A dor é complexa. Ela tira a realidade da vida."
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