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ENTREVISTA
Entidade quer exame obrigatório de fundo de olho nos berçários
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de iniciar uma campanha para chamar a atenção sobre
o "brilho branco" no olho, que
pode ser sinal de retinoblastoma,
um agressivo e raro câncer ocular
infantil, a Tucca (Associação para
Crianças e Adolescentes com Tumor Cerebral) quer convencer o
governo a adotar o exame do fundo de olho como regra nos berçários -assim como o teste do pezinho. Segundo Sidnei Epelman,
44, presidente da Tucca, a entidade vai levar a proposta ao Ministério da Saúde. Ele destaca que o
exame serve não só para detectar
o câncer, mas também outros
problemas oculares. Leia a seguir
trechos da entrevista que Epelman concedeu à Folha:
Folha - Como é o exame?
Sidnei Epelman - É o exame de
fundo de olho com a pupila dilatada. Assim é possível perceber
coisas que não dá para ver normalmente. Ninguém pensa em algo mais raro, que porém existe,
como o retinoblastoma. Se toda a
criança fizesse o fundo de olho
pequena, o prognóstico da doença seria bem melhor.
Folha - Qual é a situação do diagnóstico dessa doença no país?
Epelman - Em 40% dos casos, o
tumor está espalhando. É o câncer infantil em que o diagnóstico
precoce faz mais diferença. Se o
diagnóstico é mais cedo, conserva-se o olho. O retinoblastoma, se
evolui, leva o olho, vira tumor cerebral. Alguns pais só notam
quando há o brilho branco, que
quer dizer que há uma lesão grande e branca. O pai deve ter consciência do exame oftalmológico.
Folha - Que especialista pode fazer o exame?
Epelman- O pediatra deve avaliar o estado do olho, para encaminhar ao oftalmologista se houver suspeita. Ele pode fazer um
exame rápido do fundo do olho,
com a lanterninha. Infelizmente,
a maior parte das crianças só vai
ao oftalmologista na fase escolar.
Folha - Qual deve ser a frequência
das visitas ao oftalmologista?
Epelman- Se a criança tiver histórico de tumor ocular ou ósseo
na família, a consulta já deve
ocorrer no primeiro mês de idade. Caso contrário, deve passar
por uma avaliação geral quando
tiver um ano. Não é só o retinoblastoma que esse exame pode
detectar, mas também a catarata
congênita, o glaucoma congênito,
infecção do olho, alterações de retina. Pelo menos uma visita por
ano ao oftalmologista é necessária. Tem mãe e pediatra que notam alteração, mas acham que é
algo para ver quando a criança for
maior. Existe essa mentalidade
errada de que tem de deixar
"amadurecer".
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