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São Paulo, domingo, 09 de março de 2003

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ENTREVISTA

Entidade quer exame obrigatório de fundo de olho nos berçários

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de iniciar uma campanha para chamar a atenção sobre o "brilho branco" no olho, que pode ser sinal de retinoblastoma, um agressivo e raro câncer ocular infantil, a Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Tumor Cerebral) quer convencer o governo a adotar o exame do fundo de olho como regra nos berçários -assim como o teste do pezinho. Segundo Sidnei Epelman, 44, presidente da Tucca, a entidade vai levar a proposta ao Ministério da Saúde. Ele destaca que o exame serve não só para detectar o câncer, mas também outros problemas oculares. Leia a seguir trechos da entrevista que Epelman concedeu à Folha:

Folha - Como é o exame?
Sidnei Epelman
- É o exame de fundo de olho com a pupila dilatada. Assim é possível perceber coisas que não dá para ver normalmente. Ninguém pensa em algo mais raro, que porém existe, como o retinoblastoma. Se toda a criança fizesse o fundo de olho pequena, o prognóstico da doença seria bem melhor.

Folha - Qual é a situação do diagnóstico dessa doença no país?
Epelman
- Em 40% dos casos, o tumor está espalhando. É o câncer infantil em que o diagnóstico precoce faz mais diferença. Se o diagnóstico é mais cedo, conserva-se o olho. O retinoblastoma, se evolui, leva o olho, vira tumor cerebral. Alguns pais só notam quando há o brilho branco, que quer dizer que há uma lesão grande e branca. O pai deve ter consciência do exame oftalmológico.

Folha - Que especialista pode fazer o exame?
Epelman
- O pediatra deve avaliar o estado do olho, para encaminhar ao oftalmologista se houver suspeita. Ele pode fazer um exame rápido do fundo do olho, com a lanterninha. Infelizmente, a maior parte das crianças só vai ao oftalmologista na fase escolar.

Folha - Qual deve ser a frequência das visitas ao oftalmologista?
Epelman
- Se a criança tiver histórico de tumor ocular ou ósseo na família, a consulta já deve ocorrer no primeiro mês de idade. Caso contrário, deve passar por uma avaliação geral quando tiver um ano. Não é só o retinoblastoma que esse exame pode detectar, mas também a catarata congênita, o glaucoma congênito, infecção do olho, alterações de retina. Pelo menos uma visita por ano ao oftalmologista é necessária. Tem mãe e pediatra que notam alteração, mas acham que é algo para ver quando a criança for maior. Existe essa mentalidade errada de que tem de deixar "amadurecer".


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