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BANCO DE ALIMENTOS
Dos 400 mil "superpobres" da capital paulista, 30 mil são atendidos por programa da prefeitura
Comida chega a apenas 7,5% do público-alvo
EDUARDO ATHAYDE
DO "AGORA"
O Banco de Alimentos da Cidade de São Paulo, criado em dezembro de 2001 pela prefeitura
para intermediar a entrega de comida aos carentes paulistanos,
atendeu em média 30 mil pessoas
por mês até janeiro de 2003.
A cidade, porém, tem 400 mil
"superpobres", segundo o Mapa
de Vulnerabilidade Social, elaborado pelo CEM-Cebrap (Centro
de Estudos da Metrópole do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O mapa é o principal estudo usado pelo Banco de Alimentos, segundo o coordenador
do programa, Walter Codo.
Isso significa que 92,5% dos
paulistanos com mais alta privação social não são atendidos.
A abrangência do programa da
prefeitura é medida com base no
número de assistidos pelas associações cadastradas.
A Secretaria do Abastecimento,
responsável pelo programa, também não consegue atender a avalanche de entidades assistenciais e
ONGs (organizações não-governamentais) que a procuram. De
acordo com números da própria
prefeitura, mil instituições estão
cadastradas no Banco de Alimentos. Dessas, porém, só 70 receberam doações em 2002. "As outras
instituições ficam em uma fila de
espera", disse Codo.
Segundo ele, os principais critérios da prefeitura para avaliar
quais entidades vão receber as
doações são ser uma entidade assistencial efetiva e estar presente
nos bolsões de pobreza da cidade.
Variedade
Outro problema enfrentado pelo programa é quanto à variedade
dos alimentos. Codo diz que a população mais pobre corre o risco
de ter acesso a apenas um tipo de
comida se as doações não forem
variadas.
"A gente não tem a proposta de
atender 100% dos interesses das
entidades cadastradas. Elas [entidades" também recebem auxílios
de outras fontes, o que pode resultar noutro tipo de comida", disse.
Segundo o coordenador, a única
maneira de garantir a diversidade
de alimentos distribuídos às pessoas atendidas pelo programa é
possibilitar doações em dinheiro.
"Se eu tivesse uma doação em
dinheiro, poderia efetivamente
controlar o que cada pessoa recebe. Se não entrasse arroz nas doações, eu iria lá, compraria e complementaria", afirmou Codo.
No que depender da prefeitura,
entretanto, o Bolsa Alimento está
longe de ter acesso a dinheiro. Segundo Codo, no Orçamento 2003,
há só R$ 1.000 para o programa.
"É apenas um valor simbólico."
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