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Oferta de serviço público é afetada
DA SUCURSAL DO RIO
Nas favelas dominadas pelo tráfico, a violência afeta a oferta de
serviços públicos, como a coleta
de lixo e o correio. Em dia de tiroteio, morador de favela não recebe carta, não tem lixo retirado e
ainda pode ficar sem energia, pois
reparos na rede elétrica só são feitos depois que a tranquilidade
volta -o que às vezes leva dias.
Um técnico da Light contou à
Folha que, muitas vezes, já ficou
cercado por traficantes armados.
A orientação é estar sempre
acompanhado ou orientado por
alguém da associação de moradores. Mário Sérgio Coutinho, gerente de operações da região litorânea da Light, não gosta de usar a
palavra autorização. "É um auxílio", afirma. "O trabalho com a rede elétrica é arriscado, e não faz
sentido deixar funcionários no
meio do tiroteio."
O diretor dos Correios no Rio,
Celso Silva de Carvalho, diz que
os carteiros normalmente são
bem aceitos, mas reconhece o perigo. "Existem áreas no morro onde a pessoa só sobe se o traficante
deixar. O carteiro, estando uniformizado, geralmente sobe, mas
tem áreas em que, por um determinado momento, o traficante
não permite ao carteiro subir."
Carvalho diz que, de acordo
com uma portaria do governo federal, os Correios têm obrigação
de entregar a correspondência
quando há ruas com nomes e números -o que, muitas vezes, não
acontece nos morros.
Para facilitar a entrega da correspondência, os Correios criaram caixas postais comunitárias.
Nas favelas cariocas são entregues, diariamente, segundo Carvalho, 159 mil correspondências.
No morro Santa Marta, em Botafogo, o carteiro deixa a correspondência na associação. Dois
carteiros comunitários, pagos pela associação, fazem a entrega.
"Por que o morador do morro
não pode receber sua carta em casa? A gente também paga imposto", reclama o presidente da associação, André Fernandes, sugerindo que, já que não sobem o
morro, os Correios paguem o salário dos carteiros comunitários.
Foi essa a solução encontrada
pela Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), que
gasta R$ 1 milhão por mês com
2.000 garis comunitários, moradores contratados pelas associações de cada favela para recolher
o lixo. "Às vezes éramos surpreendidos e não podíamos executar o trabalho, ou as equipes
corriam perigo. Com o gari comunitário, o trabalho é melhor e
mais seguro. Mesmo assim, quando há tiroteio, o trator que faz a
coleta final não entra", afirma Edson Rufino, diretor de serviços da
Comlurb.
(FE)
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