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Há crise de identidade, diz professor
DA REPORTAGEM LOCAL
Especialistas em políticas educacionais afirmam que a FFLCH
vive a pior crise da sua história e
corre o risco de perder sua identidade se não passar por uma reestruturação.
Para o professor Roberto Romano, 56, professor titular do Departamento de Filosofia Política
da Unicamp, a FFLCH está "no
seus últimos e ingloriosos dias".
Segundo ele, a partir de 1968 a
unidade sofreu uma mudança,
saindo de uma estrutura baseada
no prestígio do catedrático, que
defendia os interesses de sua área,
para adotar um modelo inspirado
nos departamentos acadêmicos
americanos, mas sem a agilidade
deles. "A FFLCH vive uma crise
de identidade em relação ao seu
passado", afirma.
Para Romano, a unidade se
transformou ao longo dos últimos 30 anos em uma instituição
"monstruosa e híbrida", sem uma
integração entre os departamentos. "Não existe instituição. Tudo
está na lógica do cada um por si."
Para Romano, a área de humanas, de uma forma geral, tem dificuldades de demonstrar a importância das suas disciplinas e de se
relacionar com a opinião pública.
"A visão imediatista dos nossos
governantes acaba julgando tudo
pela utilidade aparente", afirma.
O consultor José Carlos de Almeida Azevedo, 69, ex-reitor da
UNB e doutor em física pelo MIT,
afirma que a crise na FFLCH reflete a atual situação da educação
brasileira. "Há muitos professores com pouca qualificação. A
maioria finge que ensina, e os estudantes fingem que aprendem."
Na opinião de Azevedo, a questão não é discutir a quantidade de
professores necessária para a
FFLCH, mas sim de onde virão e
qual a qualificação de cada de um.
"Há um movimento de abastardamento na universidade com o
conluio de várias pessoas."
Para ele, todo sistema educacional brasileiro deveria ser reformulado, com o estabelecimento
de critérios de mérito para os melhores professores e alunos.
Segundo deputado estadual Cesar Callegari (PSB), formado em
sociologia pela PUC-SP, o problema da FFLCH é resultado de uma
progressiva diminuição de recursos para a manutenção e o desenvolvimento de ensino e de uma
ampliação de verbas para a área
previdenciária para o pagamento
dos professores inativos. "Eles
querem enfiar dois pés dentro de
um mesmo sapato."
(CC)
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