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Aos 20, jovem tem três filhos
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos 13 anos, J.F.S. deu à luz o
primeiro filho, após ser estuprada
pelo próprio pai, soropositivo.
Aos 15, o pai a entregou a um homem 30 anos mais velho, com
quem ela teve o segundo filho.
Aos 18, já garota de programa e
usuária de crack, deu à luz o terceiro menino. Ela e as crianças
não têm o vírus HIV.
Hoje, aos 20, vive com o caçula
em uma casa-abrigo para jovens
mães em situação de risco, em
Araçoiaba da Serra (SP). Os dois
outros filhos foram entregues a
uma amiga que mora em Santos.
J. conta que nunca foi orientada
sobre métodos anticoncepcionais
e que, se tivesse sido, teria evitado
a gravidez. O aborto nunca foi
uma hipótese cogitada. "Não
acho certo. Prefiro dar [o bebê]
para quem não pode engravidar",
afirma a jovem, que, além de fazer
programas, já assaltou nas ruas de
São Paulo para sustentar o vício.
Ainda hoje, com três filhos, ela
não está usando nenhum método
contraceptivo. "Faz tempo que eu
não namoro", diz. E se acontecer?
"Sei lá", responde, evasiva.
A colega de instituição M., 19,
vivia nas ruas desde os 13 anos
trabalhando para o tráfico e roubando. Aos 17, engravidou de um
namorado que desapareceu após
saber da notícia. "Tomei chá de
maconha para abortar e quase
usei Citotec [comprimido abortivo]. Mas na hora H, não tive coragem e decidi ter o bebê", conta.
Continuou usando drogas durante a gravidez e até o bebê completar oito meses, quando decidiu, então, procurar ajuda no
Conselho Tutelar. "Disse que
queria me tratar, mas não queria
me separar do meu filho", relata.
Depois de quase um ano separados, há quatro meses mãe e filho
puderam voltar a viver juntos na
casa-abrigo. "Se eu pudesse voltar
atrás, teria evitado a gravidez", diz
M., que continua sem usar métodos contraceptivos.
Estimativas do próprio SUS
(Sistema Único de Saúde) dão
conta que 30% das mães adolescentes não teriam filhos se contassem com o recurso da pílula do
dia seguinte.
Para a educadora Raquel Barros, da Associação Lua Nova, deveriam existir ações de prevenção
à gravidez direcionadas às meninas em situação de risco. "Elas
não têm informação. Nem sabem
que o contraceptivo de emergência existe", afirma.
(CC)
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