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Família parou a obra na Justiça
DA REPORTAGEM LOCAL
Diferentemente dos que esperam indenização, a família de Nelson Pereira Garcia conseguiu impedir na Justiça que o Cingapura
avançasse sobre sua terra. O processo começou em dezembro de
1999, dois anos depois do surgimento do canteiro de obras do
Cingapura Nicarágua-Vila da
Paz, na Cidade Dutra (zona sul).
"Eles incomodavam. Vinham
toda hora dizendo que a gente tinha que sair. Aí fixaram uma data, era 7 de dezembro de 1999. Tínhamos que deixar a casa, porque
eles iam demolir. Aí meu pai entrou na Justiça", conta a metalúrgica desempregada Nadair Pereira Garcia, 39, filha de Nelson,
morto no ano passado.
Com a ação, os incômodos da
gerenciadora da obra e das assistentes sociais cessaram, diz Nadair. Em 30 de maio de 2000, o
juiz Luís Fernando Balieiro, da 7ª
Vara Cível de Santo Amaro, reconheceu, em liminar, que a família
Pereira Garcia tem a posse das
terras e pode permanecer no local
até o julgamento do mérito. Além
disso, o juiz determinou o pagamento de uma multa de R$ 5.000
para quem for incomodar a família em nome da desocupação do
imóvel para o término das obras.
O terreno ocupado pela casa de
Nadair é particular, mas está em
nome de outra pessoa. Seu Nelson, porém, chegou ao local há
pelo menos 32 anos, como demonstram, por exemplo, os boletins escolares de Nadair.
A construção da família é conhecida na região como "casarão". Ela abriga um cabeleireiro,
um bar e quatro casas, onde moram 16 adultos e oito crianças. Fica exatamente na direção da rua
Projetada -uma via que sai do
coração do Cingapura, mas leva a
lugar nenhum. Ela deveria terminar na avenida João Paulo da Silva, mas entre as duas ruas está a
casa dos Pereira Garcia.
"Aceitamos um acordo com a
prefeitura, uma indenização. Mas
não aceitamos ir para os prédios e
pagar, pois aqui já somos donos."
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