São Paulo, domingo, 11 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Família parou a obra na Justiça

DA REPORTAGEM LOCAL

Diferentemente dos que esperam indenização, a família de Nelson Pereira Garcia conseguiu impedir na Justiça que o Cingapura avançasse sobre sua terra. O processo começou em dezembro de 1999, dois anos depois do surgimento do canteiro de obras do Cingapura Nicarágua-Vila da Paz, na Cidade Dutra (zona sul).
"Eles incomodavam. Vinham toda hora dizendo que a gente tinha que sair. Aí fixaram uma data, era 7 de dezembro de 1999. Tínhamos que deixar a casa, porque eles iam demolir. Aí meu pai entrou na Justiça", conta a metalúrgica desempregada Nadair Pereira Garcia, 39, filha de Nelson, morto no ano passado.
Com a ação, os incômodos da gerenciadora da obra e das assistentes sociais cessaram, diz Nadair. Em 30 de maio de 2000, o juiz Luís Fernando Balieiro, da 7ª Vara Cível de Santo Amaro, reconheceu, em liminar, que a família Pereira Garcia tem a posse das terras e pode permanecer no local até o julgamento do mérito. Além disso, o juiz determinou o pagamento de uma multa de R$ 5.000 para quem for incomodar a família em nome da desocupação do imóvel para o término das obras.
O terreno ocupado pela casa de Nadair é particular, mas está em nome de outra pessoa. Seu Nelson, porém, chegou ao local há pelo menos 32 anos, como demonstram, por exemplo, os boletins escolares de Nadair.
A construção da família é conhecida na região como "casarão". Ela abriga um cabeleireiro, um bar e quatro casas, onde moram 16 adultos e oito crianças. Fica exatamente na direção da rua Projetada -uma via que sai do coração do Cingapura, mas leva a lugar nenhum. Ela deveria terminar na avenida João Paulo da Silva, mas entre as duas ruas está a casa dos Pereira Garcia.
"Aceitamos um acordo com a prefeitura, uma indenização. Mas não aceitamos ir para os prédios e pagar, pois aqui já somos donos."



Texto Anterior: Só 28% ainda pagam prestações
Próximo Texto: "Faltou vontade a todos para regularizar"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.