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No Guarujá, acesso a cinco praias com condomínios de luxo é restrito
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA
A via-crúcis do turista a caminho do Guarujá, no litoral sul de
São Paulo, não acaba após os congestionamentos na estrada. Se ele
quiser ir a uma das cinco praias da
região da serra do Guaraú, na rodovia Guarujá-Bertioga, ainda
pode enfrentar horas de fila.
Envoltas em uma batalha judicial, as praias Branca, Tijucopava,
Sítio São Pedro, Iporanga e Taguaíba foram transformadas em
áreas de interesse ambiental em
1997, e o acesso a elas ficou restrito a 278 carros de visitantes.
A decisão é polêmica. Para chegar a essas praias, o turista precisa
passar por condomínios de luxo.
Até 1997, o acesso a elas era reservado exclusivamente aos endinheirados proprietários de terrenos ou imóveis nos loteamentos.
Entre eles estão o atual ministro
da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Luiz
Carlos Mendonça de Barros.
Uma ação civil pública proposta
pela Curadoria de Meio Ambiente
do Guarujá conseguiu, em 1997,
liberar o acesso às praias. Recursos de ambas as partes liberaram e
fecharam o ingresso às praias durante todo aquele ano.
Com a regulamentação da lei
2.567/97, que transformou as
áreas em reserva ambiental, chegou-se a uma situação intermediária. O número de carros de visitantes permitido foi estabelecido por meio de um estudo feito
pela prefeitura.
Para o curador de Meio Ambiente da cidade na época, Edward Ferreira Filho, a transformação dos condomínios em reserva
foi uma manobra para restringir o
acesso público ao local.
Um dos integrantes da Sociedade de Amigos do Sítio São Pedro,
Roque Abdo, afirma que a liberação total do acesso causaria a destruição da reserva de mata atlântica existente no local.
"A região ainda tem tanta coisa
bonita porque os condomínios
cuidaram. Há tanta degradação
provocada por invasão de mangues, a serra do Mar também está
sendo tomada por invasões. Nós
estamos preservando", disse ele.
De acordo com a prefeitura, não
há restrição para a entrada de visitantes a pé. Para chegar à praia, no
entanto, é preciso percorrer um
trecho de três quilômetros em terreno íngreme.
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