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SAÚDE
Médicos dizem que qualquer alimento pode provocar reação alérgica, que causa desde urticária até choque anafilático
Alergia alimentar afeta 6% das crianças
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
"O que é alimento para um homem pode ser potente veneno para outro." A frase do filósofo romano Lucrécio (96 a.C.-55 a.C.)
cai como uma luva quando o assunto é alergia alimentar, um problema que afeta pelo menos 6%
das crianças e 2% dos adultos, segundo estudos internacionais.
Em tese, qualquer alimento pode causar alergia. Alguns, como o
leite, o ovo e o camarão, são alérgenos bem conhecidos e de fácil
diagnóstico, especialmente quando as reações alérgicas são agressivas. Em alguns casos mais graves, a pessoa pode apresentar dificuldade de respiração e sofrer um
choque anafilático.
Há alimentos, porém, que parecem insuspeitos. Quem poderia
imaginar, por exemplo, que o arroz, o feijão, a cebola, o alho e o
açúcar pudessem figurar entre os
vilões alérgenos?
Pois não só esses alimentos como outros 20 foram diagnosticados como causadores de alergia
em um exame de sangue feito pelo empresário Marco Antônio de
Oliveira. Ele diz que durante dez
anos conviveu com uma dor de
cabeça, atribuída a uma sinusite.
"Cheguei a fazer uma cirurgia para corrigir um desvio de septo."
No ano passado, após uma série
de exames, descobriu que a dor de
cabeça era provocada por alergia
a alguns alimentos, especialmente
ao arroz e ao alho. Começou a tomar uma vacina que funcionaria
como antídoto a esses alimentos
(leia texto ao lado). "A dor desapareceu. Só volta de forma muito
branda quando me esqueço de tomar a vacina", conta.
Segundo o médico Fábio Morato Castro, 46, professor de imunologia clínica da Faculdade de Medicina da USP-SP e supervisor do
ambulatório de alergia do Hospital das Clínicas, há reações alérgicas associadas. "Pessoas que são
alérgicas a frutas tropicais, por
exemplo, também o são ao látex."
Outra reação alérgica frequente,
porém de difícil diagnóstico, é a
provocada por corantes e conservantes. Segundo a médica Márcia
Carvalho Mallovi, 45, responsável
pelo ambulatório de alergia do
Departamento de Pediatria da
Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo), vários produtos usados para realçar o sabor dos alimentos contêm toxinas ou substâncias químicas alérgenas.
Muitas pessoas também confundem intolerância alimentar
com alergia. Os sintomas são semelhantes, mas as causas, distintas. No caso da intolerância, diz
Castro, os problemas são associados à falta de uma enzima necessária para a digestão do alimento.
As alergias estão relacionadas a
uma predisposição genética e a
um contato inicial com o agente
alérgeno. Os médicos dizem que
esse contato geralmente ocorre na
infância em razão da imaturidade
do sistema imunológico e da flora
intestinal. O organismo identifica
parte do alimento como substância ameaçadora, que precisa ser
eliminada por meio dos mecanismos de defesa.
Segundo Fábio Castro, o diagnóstico de uma alergia alimentar
é baseado na história clínica do
paciente, em testes cutâneos, em
exame de sangue e em uma dieta
de exclusão de alimentos.
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