|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DEPOIMENTO
"Meu filho não precisava passar por aquilo"
"Quando o Pedro nasceu eu
estava começando a fazer
carreira como cantora e meu casamento estava ótimo. Parei de
cantar profissionalmente e me separei quando o Pedro tinha um
ano e três meses.
Após a separação fiquei na seguinte situação: como cantora tinha renda incerta, mas, com o bebê, as dívidas eram "certas". Então
fui procurar emprego de vendedora. As coisas ficaram mais difíceis quando fui trabalhar numa
revista que faliu. Pensei: o Pedro
não precisa passar por isso. Decidi
levá-lo para morar com o pai.
Quando estava encaixotando
as coisas dele, havia objetos que
eu não sabia se eram meus ou dele. Percebi como estávamos misturados. Esse foi o momento mais
difícil da minha vida.
Já estava desempregada há três
meses quando fui trabalhar num
grande escritório de advocacia. Já
com o primeiro salário comecei a
pagar uma pensão para ajudar o
pai do Pedro a sustentá-lo. Falei
para o Pedro voltar para casa,
mas ele não quis. Foi um choque.
Comecei a fazer faculdade à
noite. Nessa época, o Pedro passava os finais de semana comigo.
Quando ele não vinha era um
drama pra mim. Até que chegou
uma hora em que tive de cortar o
cordão umbilical: aprendi a dizer
não ao Pedro. No começo eu pensava: será que estou rejeitando
meu filho? Tudo me dava culpa.
Há dois anos, o Pedro me pediu
para voltar para casa. Expliquei a
ele que seria melhor ele voltar só
quando eu terminasse de estudar.
No fim deste ano eu me formo como tradutora e meu filho volta.
O Pedro ficou muito maduro.
Ele é carinhoso e afetuoso. Também aprendemos a respeitá-lo.
Mães não exercem autoridade sobre os filhos por uma questão de
hierarquia. É preciso negociar e
conquistar os filhos diariamente."
Anamaria Leme, 38, secretária-executiva, separada, mãe de Pedro
Texto Anterior: Depoimento: "Os meninos têm medo de que eu não volte" Próximo Texto: Terapia ajuda a superar sofrimento Índice
|