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LAR, DOCE LAR?
Elas apresentam mais sintomas de tensão que as demais ocupações profissionais, segundo pesquisa da Datafolha
Estresse de dona-de-casa supera o de desempregado
DÉBORA YURI
DA REVISTA
No "doce lar" de Cláudia Gonzalez Storto, 31, um apartamento
de dois quartos na Freguesia do
Ó, seus dois filhos choram a cada
15 minutos, ameaçam atirar bichos de pelúcia pela janela (com
grade) e se provocam com chupetas. De olho em Giovanna e em
Henrique, Cláudia cozinha cinco
vezes por dia, das 7h30 às 20h30,
além de lavar, fazer a feira...
Essa jornada de trabalho de 13
horas, com uma ou outra variação, é repetida diariamente por 12
milhões de brasileiras, 1 em cada 5
mulheres adultas. A legião das donas-de-casa foi radiografada em
uma pesquisa Datafolha.
Questionadas sobre o que é importante para ser feliz, as donas-de-casa se mostram "pragmáticas": valorizam mais ter "plano de
saúde", "dinheiro" e "fazer compras". Dão maior importância ao
casamento e à religião, mas pouca
ao sexo e à liberdade.
O levantamento traz um dado
surpreendente: elas apresentam
índices de sintomas relacionados
ao estresse mais altos do que as
demais ocupações.
Acima de aposentados e até de
desempregados, lideram o ranking em quatro categorias: 66%
costumam se irritar com facilidade; 53% sentem tristeza sem motivo aparente; 46% têm dificuldade
para dormir e 47% sofrem com
falta de apetite. No item "sentir-se
exausto mesmo sem ter praticado
qualquer esforço físico", 63% disseram "sim", atrás apenas dos
empresários (69%).
"É atenção, cobrança e preocupação em período integral, sem
férias, folga nem hora para bater o
ponto", diz Cláudia.
Além do acúmulo de tarefas e
da obrigação de estar sempre disponível, as donas-de-casa reclamam da monotonia e de uma certa "claustrofobia", dois fatores
que contribuem para o estresse.
Cláudia parou de trabalhar fora
quando engravidou do segundo
filho, largando um emprego de 12
anos como assistente de marketing. "Decidi parar poque não
compensava fiannceiramente."
"Burras e alienadas"
Com os avanços do feminismo,
o papel da dona-de-casa ficou
marcado por uma conotação negativa ainda mais forte.
É o preconceito às avessas, segundo Acelí de Assis Magalhães,
45, professora de psicologia da
Faap, já que a sociedade hoje exige uma mulher bem-sucedida,
que trabalha duro e ganha bem,
mas que ao mesmo tempo mantém um bom casamento, filhos
perfeitos e cuida do corpo.
Questionadas sobre a maior
vantagem do trabalho doméstico,
as donas-de-casa são unânimes:
poder acompanhar de perto o desenvolvimento dos filhos. "Cada
palavra ou movimento novo da
Giovanna ou do Henrique parece
apagar todos os sacrifícios do
dia", comemora Cláudia. Um
bom recado para o Dia das Mães.
Colaborou PAULO SAMPAIO
Leia a reportagem completa no site da
Revista: www.uol.com.br/revista
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