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Dano é comparado ao fumo passivo
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Estudo publicado na edição dessa semana do "New England
Journal of Medicine", um dos
mais prestigiosos periódicos médicos do mundo, compara os efeitos da poluição ao do fumo passivo e comprova que pessoas expostas a altos níveis de poluentes
no período de crescimento têm
capacidade pulmonar menor que
as criadas em áreas "limpas".
Segundo pesquisadores da Universidade da Califórnia do Sul,
autores de "Os efeitos da poluição
do ar no desenvolvimento do pulmão" e que monitoraram 1.759
pessoas dos 10 aos 18 anos, em 12
cidades, a incidência de jovens
com capacidade pulmonar abaixo do normal entre as que cresceram em ambiente poluído é cinco
vezes maior. "Déficits ligados à
poluição", diz o texto, são "grande fator de risco para complicações e mortes na vida adulta".
"Esse estudo é relevante também para o Brasil. Tenho certeza
que os resultados são aplicáveis a
São Paulo", diz Rob McConnell,
um dos autores, que trabalhou na
OMS (Organização Mundial da
Saúde) e conhece a cidade.
Sem ter dados específicos, ele
diz crer que São Paulo provavelmente tem índices de poluição
piores do que algumas das comunidades mais "sujas" analisadas.
Entre as mais limpas, 1,6% dos
adolescentes acompanhados entre 1993 e 2001 apresentaram capacidade pulmonar abaixo do esperado. Entre as poluídas, 7,9%.
A diferença foi causada por um
aumento menor da capacidade
pulmonar entre os moradores das
comunidades "sujas". Afirmam
isso porque, aos dez anos, eles dizem, as capacidades pulmonares
de todas as crianças, nas diferentes comunidades, eram semelhantes, e os incrementos proporcionais foram diferentes.
"O nível de efeito que constatamos é semelhante ao do fumo
passivo. É como se tivessem um
fumante em casa", afirma.
Com diferentes níveis de poluição nas 12 comunidades, os pesquisadores descobriram que há
relação linear entre aumento dos
poluentes no ambiente e queda da
capacidade pulmonar. Entre as
mais "sujas", parte da poluição vinha da vizinha Los Angeles.
Mais um fator a aproximar a experiência da Califórnia à realidade brasileira. "São Paulo é um dos
piores lugares da América Latina
quando se trata de poluição, com
Santiago, no Chile, e Cidade do
México", declarou o autor.
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