|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Atraso tira impacto inicial de programa
DA REPORTAGEM LOCAL
As limitações do programa de
combate ao analfabetismo esvaziaram o impacto que estava planejado no começo do governo.
A idéia era chegar neste mês
com 100 mil pessoas alfabetizadas
em dez Estados (10 mil em cada
um). Mas, no máximo, serão
atendidos 30 mil analfabetos até
maio -30% do esperado e ainda
com um mês de atraso.
A proposta era usar o método
do Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e
Ação (Geempa), ONG (organização não-governamental) da ex-deputada federal Esther Grossi,
que promete alfabetização em
três meses.
Os 100 mil representariam uma
cifra de valor simbólico importante e demonstrariam, na avaliação de seus defensores, que a meta de alfabetizar 20 milhões em
quatro anos seria factível.
Os municípios que começaram
os projetos o fizeram por conta
própria. Não houve participação
do ministério no início.
"O plano dos 100 mil foi solicitado pela equipe de governo como
uma das medidas de impacto da
transição. Mas depois o ministério decidiu não fazer isso", declara
Esther Grossi.
"Para que se chegasse aos 10 mil
em cada Estado, tinha de haver
uma iniciativa do ministério",
afirma a ex-deputada.
Os Estados que previam alfabetizar 10 mil pessoas até este mês
eram Acre, Bahia, Ceará, Paraná,
Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e
Sergipe.
Esforço próprio
O único Estado que deve conseguir atingir os 10 mil é o Ceará. No
município de Quixadá (CE), que
tem 69 mil habitantes e 30% de
analfabetos, foram implantadas
74 turmas de alfabetização, com
20 alunos por classe.
De acordo com a secretária da
Educação do município, Edi Leal,
o trabalho foi iniciado antes que o
MEC (Ministério da Educação)
anunciasse qualquer liberação de
verba. "Os professores não estão
recebendo. Estamos com um mês
de aula."
Ela diz que ficou mais "segura"
depois da visita do ministro Cristovam Buarque ao Ceará há duas
semanas.
"É uma ação muito voluntária.
A gente estava precisando que o
governo também assumisse uma
posição, principalmente a financeira. Nós somos parceiros executando essa ação de alfabetizar todos, mas precisamos da parceria
do governo federal e do estadual
também. Seria a motivação", diz a
secretária.
Em Canindé, também no Estado do Ceará, o secretário municipal da Educação, Celso Crisóstomo, afirma que a "falta de recursos tem retardado o engajamento
de outros Estados."
A cidade também resolveu
apostar no programa, independentemente do MEC. Com 70 mil
habitantes e 36% de analfabetos,
Canindé abriu 50 salas de alfabetização com 20 alunos cada.
Texto Anterior: Educação: Projeto contra analfabetismo não decola Próximo Texto: Especialistas cobram continuidade Índice
|