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Especialistas cobram continuidade
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o governo federal não quiser
cometer os erros de experiências
como o Mobral e desperdiçar dinheiro público, precisará oferecer
muito mais do que três ou seis
meses de alfabetização. Segundo
especialistas, assim que é alfabetizado, o adulto precisa continuar
estudando por, no mínimo, quatro ou cinco anos para reter e desenvolver o conhecimento.
Esse conceito de educação para
a vida toda foi expresso na Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, em Hamburgo
(Alemanha), em 1997, considerada um marco na área. O encontro,
promovido pela Unesco, estabeleceu como a década da alfabetização os anos entre 2003 e 2012.
"Todos os estudos sobre todas
as campanhas de alfabetização
desde a década de 60 mostram
que, se a atividade não estiver colada num processo educativo
mais prolongado ou em oportunidades de mudança social e econômica, ela não leva a muita coisa", afirma Vera Masagão, da
ONG Ação Educativa.
Para ela, os Estados e os municípios que entrarem no programa
de alfabetização precisam se preparar para absorver a demanda
por continuidade. Ela diz que,
apesar de o governo sinalizar, não
há "ações concretas que apontem
para essa continuidade."
Eliane Ribeiro Andrade, da
Unesco e dos Fóruns de Educação
também diz que é preciso ir além.
"Como pontapé inicial, [o programa de alfabetização" é bárbaro, mas a gente espera mais, que o
ministro aloque recursos para dar
continuidade aos estudos. De onde virá esse dinheiro?"
As entidades de educação reivindicam o uso de verbas do Fundef (Fundo de Desenvolvimento
do Ensino Fundamental), o que é
vetado pela lei hoje. O MEC promete mudar a lei. O secretário de
Erradicação do Analfabetismo,
João Luiz Homem de Carvalho,
diz que "não há intenção mais explícita do MEC. Queremos derrubar esse veto", afirma.
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