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Transformista tem apoio materno
DA REPORTAGEM LOCAL
De dia ele é Jeferson Ribeiro, 27,
um bem-sucedido cabeleireiro,
até mesmo assediado pelas mulheres. À noite ele é Flávia Monteiro, 1m80, que desperta tentações
nos homens.
Em casa, o guarda-roupas é dividido igualmente: metade para
Jeferson, metade para Flávia.
Jeferson é transformista, não
quer ser visto como travesti e não
se imagina como heterossexual.
Débora Ribeiro, 61, a mãe de Jeferson, hoje é uma amiga a acompanhá-lo em boates e a torcer "pela Flávia" nos desfiles em que participa como transformista.
Mas nem sempre foi assim.
"Meu pai, mineiro conservador,
dizia que botaria no paredão todos os gays. Minha mãe falava que
preferia qualquer coisa na vida,
menos um filho homossexual. Eu
ouvia aquilo e ficava pensando o
que seria de mim."
Quando tinha 16 anos, alguém
contou para a mãe que ele freqüentava boates gays. Débora Ribeiro mudou-se com o filho para
o norte de Minas. "Era uma cidade pequena, a mãe achava que assim ia me curar", diz Jeferson.
Ele chegou a fingir que tinha virado heterossexual, mas quando a
mãe descobriu colocou-o para fora. Jeferson deixou o salão de cabeleireiros onde ele e a mãe trabalhavam juntos e se tornou um
bem-sucedido profissional, num
dos mais caros salões da cidade.
Diante do convite do filho, a
mãe foi conhecer a boate e os amigos. "Agora, a grande maioria dos
seus amigos é gay. Nós criamos
uma menina juntos. E ela morou
na mesma casa onde eu vivia com
meu namorado."
Jeferson e o namorado agora
moram sós. A mãe diz que só não
admite uma coisa: "que meu filho
seja um travesti. Ele é um profissional transformista, que conquistou o respeito. Eu jamais admitiria um homem de peitos andando dentro da minha casa." A
mãe é hoje uma tiete de Flávia.
"Vou para aplaudi-la", diz.
(AB)
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