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Para técnico, falta integração
DA REPORTAGEM LOCAL
Professor do Centro de Estudos
em Administração de Saúde da
FGV (Fundação Getúlio Vargas)
de São Paulo, Álvaro Escrivão, 53,
diz que a solução para os problemas dos postos passa por uma integração efetiva dos serviços.
"Eu acho que o que pode ajudar
é a implantação de um olhar global sobre a cidade e sua população", afirma Escrivão, que foi
coordenador de Epidemiologia e
Informação da Prefeitura de São
Paulo até 2002.
"O atendimento básico para a
população dependente do SUS é
pulverizado em um conjunto de
serviços de saúde que são públicos, não-governamentais, privados, filantrópicos. Esse é o cenário. Não adianta falar de centro de
saúde e PSF [Programa Saúde da
Família] sem olhar a população,
suas necessidades e quem está
atendendo a essas necessidades."
Para o professor, a saída não está em um programa, como o PSF,
mas em coordenar o atendimento
básico. "O que caracteriza o gerenciamento do sistema de saúde
de São Paulo é essa pulverização,
essa falta de uma política coordenada de atenção básica que faça
uso racional dos recursos existentes", continua. "Para mim, isso
exige que a opinião pública passe
a exigir do Estado, da prefeitura e
de todas as instituições de saúde
que atuam em São Paulo que sentem e que de fato resolvam alguns
problemas mais urgentes."
Teoria e prática
O SUS (Sistema Único de Saúde), que em 88 tornou universal o
atendimento público de saúde no
país, traz em sua legislação o princípio da hierarquização dos serviços -a entrada no sistema é pelo
posto, não pelo hospital, reservado aos casos graves. Mas a própria
história da saúde pública no país
-no qual, antes do SUS, o governo fomentou uma rede de hospitais privados -explica por que os
postos são esquecidos.
"Entre 70 e 80 houve um grande
crescimento da rede. A partir de
1986, 1987, o governo do Estado
passou a privilegiar o hospital",
acrescenta Nivaldo Carneiro Júnior, presidente da Associação
Paulista de Saúde Pública.
Para Escrivão, o discurso do
SUS se choca com a configuração
política do sistema de saúde. "Onde estão os focos de poder dentro
do sistema de saúde? Nos serviços
mais complexos." Para ele, por isso é difícil acabar com o modelo
centrado nos hospitais.
Escrivão destaca ainda que é
preciso conscientizar o paciente
para ele fazer um uso racional dos
serviços. "Nós não sabemos usar
o serviço de saúde porque fomos
educados a procurá-lo quando estamos sentindo alguma coisa ou
quando aquilo está nos impedindo de trabalhar. Aí queremos ser
atendidos na hora, quer a gente
seja pobre ou de classe média."
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