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Especialistas criticam fazendeiros
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Para o diretor do Instituto de
Geociências da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas),
Archimedes Perez, a devastação
do cerrado no Centro-Oeste pela
exploração indiscriminada da
agropecuária se equipara à destruição da cobertura da Mata
Atlântica no Sudeste a partir dos
anos 30. "Os efeitos do desmatamento que os produtores rurais
vêm promovendo em Estados como Mato Grosso e Goiás, para
plantação da soja, do trigo e para
pastagem do gado, nos últimos 30
anos, são semelhantes aos provocados na Mata Atlântica, em São
Paulo, durante o ciclo do café",
disse Perez.
O diretor cita como exemplo a
fazenda Babilônia, na divisa de
Goiás e Mato Grosso, que passou
de exemplo de produção agrícola
na década de 70 a área desértica.
"A susceptibilidade natural foi
agravada pelo desmatamento e as
erosões atingiram o nível do lençol freático."
Dos 1.516,73 km2 de terra estudados pela pesquisa "Diagnóstico. Prognóstico e Controle de
Erosões Lineares nos Estados do
Mato Grosso e Goiás", antes ocupados pelo cerrado, apenas 517,4
km2 correspondem à vegetação.
Somente em 1995, passou a vigorar a primeira legislação estadual sobre Meio Ambiente em
Goiás. Segundo a Agência Ambiental, ligada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, a fiscalização está
sendo ampliada com unidades
móveis nas áreas críticas.
"Embora já tivéssemos o Código Ambiental e o começo de uma
consciência ecológica desde os
anos 80, o tema é ainda muito recente", afirmou a professora da
UFG (Universidade Federal de
Goiás), Selma Simões de Castro,
coordenadora da pesquisa.
Segundo Selma, a falta de leis específicas, aliada à deficiência na
fiscalização e na conscientização
dos agropecuaristas ajuda a explicar o crescimento das erosões.
Ela também aponta programas
de desenvolvimento, a exemplo
do Polocento -criado na década
de 70 pelo governo federal para
estimular a agropecuária no Centro-Oeste- como responsáveis
indiretos pelo avanço dos produtores pela área, por não respeitarem a potencialidade dos solos.
(AC)
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