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Médico nega ter burlado fila de transplante no Rio
Ribeiro Filho foi solto em 5 de agosto depois de ter recebido habeas corpus
No primeiro depoimento à Justiça, médico diz ter usado fígados recusados por pacientes que estavam na frente na fila do transplante
Rafael Andrade/Folha Imagem
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O médico Joaquim Ribeiro Filho, acusado de furar a fila de transplantes de fígado, depõe na 3ª Vara Criminal Federal, centro do Rio
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE,
NO RIO
O médico Joaquim Ribeiro
Filho, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) denunciado à Justiça
sob acusação de envolvimento
em esquema de fraude na fila
de transplantes de fígado no
Rio, negou ontem ter participado de qualquer irregularidade.
No primeiro depoimento à
Justiça desde que foi preso na
Operação Fura-Fila, Ribeiro
Filho afirmou que não priorizou seus pacientes.
Preso no dia 30 de julho, Ribeiro Filho foi solto no último
dia 5, mas continua a responder
a processo por peculato (desvio
de recursos ou bens).
Ao juiz Lafredo Lisboa, da 3ª
Vara Criminal Federal do Rio, o
médico disse que, em dois dos
três casos citados pelo Ministério Público, a operação foi realizada porque os fígados disponíveis eram marginais -o que, na
linguagem técnica, quer dizer
que eram inadequados segundo as regras da central de transplantes, por alguma limitação
do doador ou do órgão- e os
dois pacientes foram os primeiros a aceitá-los.
Os pacientes foram Jaime
Ariston, irmão do secretário estadual de Transportes, em
2003, quando Ribeiro Filho era
chefe da central de tranplantes,
e Frederico Sattelmeyer, que
acabou não recebendo o órgão
por impedimento da própria
central de transplantes, ao considerar a operação irregular.
O procurador Marcello Miller, autor da denúncia, contestou o critério do médico -reuniões com os membros da equipe- para determinar os pacientes aptos a receber fígados
marginais. Ribeiro Filho afirmou que os pacientes à frente
dos dois operados disseram que
não queriam receber o órgão,
mas disse não ter nenhuma
dessas declarações por escrito.
"Era um processo dinâmico,
não se podia perguntar a cada
paciente se aceitaria ou não um
fígado marginal."
No caso de Jaime Ariston, Ribeiro Filho afirmou que o fígado havia sido oferecido antes ao
HGB (Hospital Geral de Bonsucesso), que não quis porque fazia outro transplante no momento. No hospital da UFRJ,
Ariston -que, segundo a denúncia, era o 32º na fila- foi o
primeiro candidato disponível,
disse o médico. Já no caso de
Sattelmeyer, o médico alegou
que o paciente da vez não tinha
"reserva de sangue" para ser
submetido ao transplante.
Na denúncia contra Ribeiro
Filho, o procurador afirma que,
para inscrever Carlos Augusto
Arraes na lista, o médico omitiu
que o paciente tinha um tumor
maior do que o permitido pelo
Ministério da Saúde para a realização de transplantes. O médico afirmou que Arraes tinha
"cirrose hepática, o que garante
sua inscrição". Arraes diz que
fretou um avião com recursos
próprios para buscar o fígado,
que seria descartado por falta
de transporte.
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