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Planejamento pode reduzir efeito
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre 1900 e o ano 2000, a cidade de São Paulo sofreu um aquecimento de 1,2C. O aumento foi
50% maior que o registrado na cidade de Nova York (EUA) no
mesmo período -0,8C.
A comparação mostra que, embora o aquecimento seja uma
conseqüência inevitável da urbanização, pode ser reduzido por
meio do planejamento, diz a geógrafa Magda Adelaide Lombardo,
professora da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro
e da pós-graduação da USP e uma
das primeiras pessoas a estudar
ilhas de calor no mundo. "As ilhas
de calor resultam do desequilíbrio
na proporção entre áreas verdes e
água de um lado, asfalto e concreto de outro. São Paulo cresceu canalizando córregos, desmatando
e se verticalizando", completa.
As causas do problema, portanto, são conhecidas: altas concentrações de edifícios, vias pavimentadas e superfícies como asfalto e
concreto, que retêm calor; muitos
carros que, consumindo combustíveis, liberam energia; poluição
atmosférica, que também favorece a retenção de calor; falta de vegetação e de espelhos d'água.
Toda essa ação modificadora
encontra a reação natural na forma das tempestades, diz Augusto
José Pereira Filho, do IAG/USP.
"O ambiente fica superaquecido,
como se fosse uma fogueira. A natureza tentar apagar a fogueira
com a chuva." A solução para o
problema? "Revegetar a cidade."
Falar é fácil, fazer nem tanto. O
Plano Diretor de São Paulo prevê
o aumento de áreas verdes nos
fundos de vale e ao longo de rios e
córregos, com os parques lineares, explica Ivan Maglio, da Secretaria do Planejamento. Mas ainda
não há nenhum parque linear
concluído. Só um novo parque
municipal foi inaugurado -outros três devem ser entregues neste ano-, e a Secretaria do Verde e
do Meio Ambiente construiu seis
praças pelo Procav (programa de
canalização de córregos).
Outra ferramenta importante é
a nova lei de zoneamento, que
ainda está em discussão na Câmara. Ela aumenta a porção de área
verde por empreendimento imobiliário de 5% para 15%. Nos planos diretores regionais, o percentual chega a 30% nos mananciais.
"Podemos fazer de São Paulo
uma nova cidade, mas não é fácil.
Por que você acha que a lei de zoneamento e os planos regionais
ainda não saíram?", pergunta o
secretário do Verde e do Meio
Ambiente, Adriano Diogo.
(MV)
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