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OUTRO PERFUME
Principal entrave é financeiro, mas há a intenção de estender a despoluição para os de parques na periferia
Recuperação começa em lago de área nobre
DA REPORTAGEM LOCAL
A tentativa de acabar com o lançamento de esgoto nos lagos dos
parques municipais de São Paulo
e de limpá-los começou neste ano
pela maior vitrine da Secretaria
do Verde e do Meio Ambiente, o
Ibirapuera. O plano é estender o
projeto, a partir de 2005, aos parques da Aclimação e Cidade de
Toronto (nessa ordem), também
em áreas nobres. Só então as
ações seguem rumo à periferia.
Como o principal entrave à iniciativa é financeiro, foram eleitas
prioridades. "Fazer os projetos
em parques de maior visibilidade
se justifica pelo caráter de educação ambiental", afirma Luiz Fernando Orsini Yasaki, que coordena a despoluição no Ibirapuera.
Nesses locais, sustenta, as ações
ganham maior divulgação, são
acompanhadas por mais pessoas,
que vão entender a seguinte mensagem: a poluição dos lagos é a
parte visível da poluição dos córregos e riachos que cortam a cidade, mas foram canalizados e estão
escondidos sob o asfalto.
O projeto de despoluição do
córrego Sapateiro, que forma os
lagos do Ibirapuera, já ganhou a
mídia e, se funcionar como o esperado, será replicado. Consiste
de uma operação caça-esgoto nas
casas da região, para identificar as
ligações clandestinas. Depois os
irregulares serão notificados e a
situação, consertada pela Sabesp.
O terceiro passo é a remoção do
lodo acumulado nos lagos.
Apenas a primeira parte, que
deve terminar até o fim do ano,
custou R$ 1,5 milhão à prefeitura.
Segundo Ricardo Araújo, da Sabesp, na região do parque da Aclimação, foi finalizada a correção
das ligações de esgoto na rede de
água da chuva, um compromisso
com o Ministério Público. "Em
certos lugares, não é fácil porque
tem de instalar coletor tronco
[que recolhe todo o esgoto da
área], uma obra grande e cara."
Em relação ao parque Cidade de
Toronto (zona norte), Araújo diz
acreditar que a poluição do lago
vai melhorar com a saída, nos
próximos meses, de uma favela na
margem da rodovia dos Bandeirantes, cujos moradores serão relocados pela CDHU (companhia
de habitação do governo).
Sobre os demais parques com
problemas, Araújo afirma não ter
informações detalhadas. "Mas essas coisas só vão ser corrigidas
lentamente. Não há solução mágica para esta cidade", afirma.
Como a culpa pela poluição dos
lagos é conjunta, a solução terá de
ser feita em parceria, dizem Araújo e o secretário do Verde e do
Meio Ambiente, Adriano Diogo.
Ambos se mostram dispostos à
colaboração, mas o primeiro convênio, para notificação e regularização das ligações clandestinas na
região do Ibirapuera, ainda não
saiu por "problemas burocráticos", afirma Araújo. "Ano de eleição é complicado", admite.
"A valorização do espaço urbano das cidades, que ficam mais
caras, vai exigir que os lugares
mais emblemáticos estejam mais
bonitos e protegidos. Vai ser politicamente muito difícil justificar
que se jogue esgoto nas galerias e
nos lagos", diz, por sua vez, Diogo. (MARIANA VIVEIROS)
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