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Desativação atrasou quase 20 anos
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois motivos explicam por que
a Casa de Detenção não foi desativada antes, segundo ex-autoridades do governo paulista: a falta de
dinheiro para a construção de novas prisões e a explosão de detentos na década de 90.
O advogado José Carlos Dias,
secretário de Justiça em 83, tentou
negociar a área do Carandiru.
Com o dinheiro, construiria novos presídios. Não deu certo na
época, diz ele, por causa da lei de
zoneamento da cidade, que impedia a construção de prédios ali.
O projeto passou os anos seguintes engavetado. Uma nova
Casa de Detenção começou a ser
construída ao lado, dentro do
complexo, com capacidade para
3.200 detentos. A obra parou no
""esqueleto" dos prédios.
Em 96, o então secretário da Administração Penitenciária, João
Benedicto de Azevedo Marques,
tentou retomar o projeto de Dias,
articulando na Câmara Municipal
a mudança na classificação do zoneamento da área.
A negociação falhou e a estratégia de financiamento teve de ser
alterada. Em setembro de 96, o
governo federal liberou R$ 83 milhões para a construção de nove
novos presídios no Estado, que
deveriam servir para fechar de vez
a Casa de Detenção.
Quatro meses depois, com recursos próprios, o governo estadual começou a construir outras
12 prisões. ""O número de prisões
dobrou no Estado e não conseguimos mais esvaziar a Detenção",
afirma o ex-secretário.
De 96 para 98, a população carcerária de São Paulo aumentou
11,3 mil -o equivalente a mais de
uma outra Casa de Detenção.
Em outubro de 2000, Covas
anunciou o fim do projeto. ""Não
existe perspectiva a curto prazo
para que ele seja destruído." A
idéia era implodir toda a unidade.
O governo estadual chegou a estudar a retomada da obra da nova
Casa de Detenção, abandonada
anos antes. Desistiram.
No ano passado, após a morte
de Covas, o governador Geraldo
Alckmin anunciou a desativação
da Detenção para março deste
ano. Teve de alterar os planos por
causa da superlotação das outras
unidades, que começaram a ter
problemas com rebeliões.
O projeto de reutilização da área
que será aplicado é o plano da gestão Mário Covas, modificado. Entre 97 e 98, houve um concurso
para a escolha da melhor idéia.
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