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ENTREVISTA
Encontro em São Paulo discute cuidados com a esclerose múltipla
DA REPORTAGEM LOCAL
A doença não tem cura, não
tem causa definida e pode evoluir
para formas incapacitantes. A
melhor maneira de lidar com ela é
diagnosticá-la corretamente e iniciar o tratamento rapidamente.
Um dos problemas é que seus
sintomas são tão diversos que
muitos médicos a confundem
com outras doenças. Trata-se da
esclerose múltipla, uma enfermidade neuroimunológica que atinge cerca de 15 pessoas em cada 100
mil, especialmente mulheres entre os 20 e os 40 anos.
A preocupação dos especialistas
-neurologistas, no caso- é
orientar médicos e pacientes para
que fiquem atentos aos sinais da
doença e à melhor condução. Esses foram os temas centrais do
Encontro Latino-Americano de
Especialistas em Esclerose Múltipla, que deve terminar hoje em
São Paulo.
Uma das novidades, para médicos e pacientes, é a criação, nos
hospitais universitários paulistas,
de "centros de referência para
nortear o diagnóstico e o tratamento da doença", diz Fernando
Coronetti, membro do Comitê
Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e
neurologista da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu. Abaixo, trechos da entrevista com o médico Coronetti:
Folha - Por quais formas a doença
pode se manifestar?
Fernando Coronetti - Além de
sintomas genéricos como sensação de cansaço e dores musculares, é preciso ficar atento à urgência e à incontinência urinária sem
causa definida. Outro sintoma é a
neuralgia do trigêmeo, uma dor
semelhante a choques no rosto
que dura frações de segundo. A
neurite óptica, que é o embaçamento e a dor em uma das vistas,
é uma outra manifestação.
Folha - O que é a doença?
Coronetti - Por alguma razão
não conhecida, o organismo passa a produzir anticorpos contra a
mielina, que é um revestimento
dos neurônios. Com a dismielinização, ocorrerá uma inflamação
de uma área do cérebro que vai se
manifestar em algum sintoma
neurológico, como perda de força
ou paralisia de parte do corpo.
Folha - Como é o tratamento?
Coronetti - Para o tipo mais comum da doença, que atinge 85%
das vítimas, o tratamento é feito
com a imunorregulação do organismo. A principal classe de droga são os interferons beta, produzidos por três laboratórios: o
Avonex, do Abbott, o Rebif, da
Serono, e o Betaferon, da Schering. Há também um imunorregulador, o acetato de glatiramer
(Copaxone) da Biosintética. Todos esses medicamentos são
reembolsados pelo Estado. Um
tratamento mensal chega a custar
de R$ 3.000 a R$ 4.500, além dos
gastos decorrentes das consequências da doença.
Serviços de informação: Abbott, 0800-7011501; Serono, 0800-113320; Schering, www.schering.com.br; Biosintética,
www.biosinteica.org.br
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