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Rádio para a comunidade sai do ar
DA REPORTAGEM LOCAL
Até a última quinta-feira, quem
sintonizasse a 101,3 FM na região
central de São Paulo podia ouvir
programas em espanhol, guarani,
aimará e quíchua, 24 horas por
dia. As duas últimas línguas são
faladas por moradores dos Andes
peruanos e bolivianos. O guarani
tem o acento típico de algumas regiões do Paraguai.
A Latin Sat 101,3, com esse nome pomposo, não tinha a intenção de ser ouvida tão longe. Como
rádio comunitária, com alcance
limitado a alguns quilômetros, ela
era a mais ouvida em milhares de
oficinas de costura que se concentram pelo Pari, Brás, Bom Retiro,
Barra Funda, Belém, regiões centrais e do leste, subindo até o bairro do Limão, na zona norte.
Antes de ser Latin Sat, a rádio já
se chamou Sul Americana e Expression Latina, e foi fechada duas
vezes pela polícia. Na sexta, os
cerca de 35 locutores que se revezavam não tiveram os R$ 30 mil
pedidos pelo proprietário do
equipamento e o devolveram.
A Latin Sat era o único meio de
integração da comunidade latino-americana de São Paulo. A Pastoral do Migrante, assessorada pela
Oboré Projetos Especiais, busca o
apoio da Secretaria da Saúde e do
Ministério das Comunicações para a concessão de uma rádio que
sirva à comunidade. Na Câmara
Municipal, um projeto de lei que
permite ao município "conceder"
rádios comunitárias, já passou
pelas principais comissões.
"Umas 30 mil a 40 mil pessoas
ouviam a rádio", diz Andrés Espinoza, um dos locutores da Latin
Sat e dirigente da Interligas Boliviana de Futebol.
Pelos seus números, existem 22
ligas que reúnem pelo menos 700
times de futebol de salão, "society" e de campo. São mais de
10.000 jogadores, só bolivianos, e
só em São Paulo, a grande maioria
em situação irregular. "Para jogar,
ninguém pede papéis."
O Los Phuyas, nome de uma região da Bolívia, venceu o último
torneio e participará, pela primeira vez, do campeonato metropolitano de futebol de salão.
"Já estamos formando times de
filhos dos imigrantes que chegaram aqui há 10 ou 12 anos", declara Espinoza.
(AB)
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