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Detecção de distúrbio exige treinamento de médicos
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Saúde pretende, a partir da validação de indicadores clínicos de risco, treinar não
só os pediatras, mas todos os médicos generalistas da rede básica
de saúde para a detecção precoce
de problemas psíquicos em bebês.
A informação é de Alexia Luciana Ferreira, coordenadora da área
técnica da saúde da criança e aleitamento materno do ministério.
Segundo ela, um estudo da
OMS (Organização Mundial da
Saúde) mostra uma prevalência
de 12% a 29% de transtornos
mentais na infância. Desses casos,
menos de um quarto chega a ser
detectado pelos serviços de saúde.
"Queremos que haja uma vinculação da criança ao profissional
de saúde o mais cedo possível. E
que esse profissional seja capaz
não só de cuidar das questões orgânicas, mas de poder identificar
como está a relação mãe e filho."
Segundo o psicanalista Alfredo
Jerusalinsky, há quatro eixos de
análise sobre os quais a pesquisa
de indicadores clínicos se apóia:
1) Suposição do sujeito. No momento em que a criança ainda não
é capaz de se sustentar na posição
subjetiva, é necessário que os pais
atribuam intencionalidade a seus
gestos, movimentos e expressões.
Isso vai capacitar a criança a interiorizar esse sujeito, inicialmente
externo a ela, mas do qual ela precisará se apropriar. Mas é necessário que esse sujeito seja inicialmente suposto.
2) Alternância da presença e ausência. É necessário que a criança
viva a experiência da presença e
ausência dos objetos e pessoas
que significam a sua satisfação. Só
desse modo, experimentando a
falta dessa pessoa ou objeto, é que
ela se estruturará como desejante.
3) Estabelecimento da demanda. Considerado ponto decisivo
no desenvolvimento. Os pais devem saber interpretar as solicitações da criança por meio de seus
atos. Assim, ela será encorajada a
pedir o que precisa e terá a tranqüilidade de que será atendida.
4) Função paterna. As mães não
devem atuar em nome puramente próprio. A criança tem necessidade de uma série de referências
sociais, como a alternância entre o
dia e a noite, o dormir e a vigília, o
ordenamento dos momentos de
divertimento, de cumprimentos
das necessidades, de descoberta
ou de descanso.
Jerusalinsky diz que essas funções não vêm previstas no sistema
nervoso central. Precisam ser inscritas por uma matriz simbólica,
que os pais precisam transmitir
ao filho. "Isso se dá através de
ações banais, como alimentação,
higiene, jogos e brincadeiras, mas
são fundamentais para o bebê."
Essas funções que se inscrevem
muito cedo, desde o primeiro ano
de vida, e vão constituir a matriz
que orientará de um modo genérico o sistema de relação com o
mundo e as pessoas.
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