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Trabalho no farol é única atividade para moradores da Rasa
DA SUCURSAL DO RIO
A Rasa é a única ilha habitada
no litoral do Rio e de Niterói. É em
torno do farol, em funcionamento desde 1829, que os cinco marinheiros passam o dia. Não há na
ilha o que fazer, fora trabalhar.
O trabalho na Rasa começa
quando o sol nasce. O farol é desligado. A seguir, as lentes são protegidas do sol por cortinas. De
cristal e cobre, elas permitem um
alcance da luminosidade, quando
a atmosfera está clara, de mais de
90 km. Com 26 m de altura, o farol
foi construído com pedras cortadas dos rochedos da ilha e coladas
com óleo de baleia.
Os cinco marinheiros se revezam na preparação da comida.
Cuidam também dos equipamentos de radiofarol (sinalização para
aviões e navios) e da estação meteorológica da Rasa.
Na Rasa, não há areia, muito
menos praias. É uma ilha cercada
por pedras. O farol e sete casas estão no alto da ilha, a 75 m de altura. A Rasa tem 238 mil metros
quadrados -1.646 metros quadrados de área construída. O resto é mato e rochas.
A guarnição não tem barco
-seus integrantes não podem
sair da ilha sem ajuda externa. De
15 em 15 dias, quando as condições do mar permitem a aproximação de embarcações, a Marinha envia à Rasa a lancha balisadora Pollux, com mantimentos.
Não há plantações. As árvores
frutíferas são antigas. Dão pitangas, cajás e cocos. Não há nascentes na Rasa. A água da chuva é armazenada em uma cisterna para
440 mil litros. Recebem, ainda,
água mineral do continente.
O acesso à ilha é bastante difícil.
A lancha atraca a cerca de 100 m
das pedras. Em um bote inflável,
os visitantes -obrigatoriamente
vestidos com coletes- seguem
até a base de uma escadaria rasgada no penhasco, cujos primeiros
degraus são cobertos de limo.
Quem escorrega e cai na água, o
que às vezes ocorre, corre o risco
de ser jogado nas pedras pelas ondas. A profundidade é de 21 m.
Outra opção de acesso é por
guindaste, usado para trazer à ilha
os equipamentos mais pesados e
as cargas volumosas. O equipamento, que fica em um outro trecho do litoral da Rasa, também
pode trazer os visitantes, sentados
em uma espécie de cadeira. Não
há quem saia seco da experiência.
O mar já impediu aquela que seria a visita mais importante de toda a história da ilha. Na inauguração do uso da eletricidade no farol, em 1883, d. Pedro 2º não conseguiu desembarcar, tal a força
das ondas. O imperador ficou no
navio, cuidadosamente atracado
longe das pedras.
Ele viu o farol ser ligado, aplaudiu e voltou para o continente, de
acordo com as crônicas da Marinha registradas no diário do farol.
(ST)
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