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BOTICA MODERNA
Segmento diz que erros de formulação são "pontuais"
Setor cria programa e certificado de excelência
DA REPORTAGEM LOCAL
Na quinta-feira da semana passada, um grupo de 180 farmacêuticos reunia-se em silêncio numa
sala do Transamerica Expo Center, na zona sul de São Paulo. Do
lado deles, acontecia o agito da 2ª
Feira de Equipamentos, Produtos
e Serviços para Farmácias Magistrais. Os 180 prestavam exame para a obtenção do título de especialista em "Farmácia Magistral Alopática". Hoje, são 800 os detentores desse título, numa categoria
de 15 mil membros.
É apenas uma parte do trabalho
de qualificação do setor das farmácias de manipulação, patrocinado pela associação nacional do
segmento, a Anfarmag.
Sobre os 27 casos de danos à
saúde causados por medicamentos manipulados, apontados pelo
INCQS da Fundação Oswaldo
Cruz, a presidente entidade, Vania Regina de Sá admite: "Foram
erros. Estamos instruindo os farmacêuticos sobre como evitá-los." Lançado em agosto passado,
o "Programa de Qualificação Anfarmag" tem 400 farmácias inscritas, o que representa 25% do total
de farmácias associadas à entidade, ou 7,5% do total.
"Nossos erros, no entanto, são
pontuais. Quando a indústria erra, é um lote com milhares de
comprimidos que sai errado. As
conseqüências podem ser muito
mais severas à saúde pública", diz
a presidente da Anfarmag.
"A partir de dezembro, as farmácias que fizerem o programa
de qualificação e apresentarem
resultados positivos, já receberão
seus certificados de excelência.
Será uma clara indicação de qualidade para o consumidor."
A entidade tem uma importância crucial numa categoria formada por empresas de pequeno e
médio porte (o capital inicial mínimo para abrir uma farmácias de
manipulação é de R$ 200 mil, entre equipamentos e instalação).
Sem verba para adquirir os custosos equipamentos de análise de
matérias-primas, por exemplo, as
farmácias ficariam à mercê dos
fornecedores, e poderiam colocar
os consumidores diante de riscos
ainda maiores.
A Anfarmag, entretanto, está
auditando os fornecedores e emitindo certificados de qualidade
aos que provarem ser bons .
Dos 60 grandes fornecedores do
mercado nacional, 17 já se cadastraram para receber o certificado.
"As próprias farmácias já estão
cobrando de seus fornecedores a
inclusão no programa de qualificação. Será mais uma garantia aos
consumidores", diz Vania.
Sobre o relacionamento das farmácias de manipulação com a indústria, a presidente da Anfarmag
admite: "O objetivo maior da manipulação de medicamentos é a
formulação e o atendimento individualizado". Mas, ela acrescenta:
"Se nós fazemos bem os medicamentos individualizados, por que
não fazer também aquelas fórmulas que a indústria produz, mas a
um preço mais em conta? Será
que é melhor deixar sem tratamento um paciente sem condições de comprar o remédio industrializado, mas que pode arcar
com os custos do manipulado?"
A pedido da Folha, Vania elaborou um pequeno roteiro para
comprar com mais segurança um
remédio manipulado:
1. Procure o farmacêutico responsável. Seguir a prescrição médica é mais fácil se você tem a ajuda de um farmacêutico.
2. Peça para visitar o laboratório
da farmácia de manipulação. Observe as condições gerais de higiene, da mesma forma que você faria num restaurante.
3. Os farmacêuticos adoram
exibir os diplomas dos cursos que
freqüentam. É uma informação
útil aos consumidores que podem, assim, verificar se o farmacêutico está se atualizando. (LC)
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