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Município é segundo pólo de contaminação
DA REPORTAGEM LOCAL
O maior objetivo do Ciesp
(Centro das Indústrias do Estado
de São Paulo) em Cubatão é mudar a imagem da cidade, que já foi
considerada o "vale da morte" e
quer superar o estigma de ser
uma das regiões mais poluídas do
mundo. Mas a tarefa não é fácil.
Mesmo tendo melhorado a qualidade do ar -há pelo menos oito
anos não é decretado estado de
alerta por poluição atmosférica,
em grande parte graças a um programa da Cetesb-, o passivo ambiental resultante de cerca de três
décadas de uma industrialização
sem comprometimento com padrões ambientais está apenas começando a ser descoberto.
Cubatão é a segunda cidade do
Estado em número de áreas contaminadas. Com 23 (agora 24)
pontos, fica atrás apenas da capital, onde há 102 locais comprometidos, segundo a Cetesb.
A diferença é que, em São Paulo,
a maioria das áreas é composta
por postos de combustíveis. Em
Cubatão, eles são apenas três; o
resto é formado pelos maiores nomes do pólo industrial, como
Carbocloro, Petrobras, Rhodia,
Ultrafértil e Cosipa.
As 25 grandes indústrias do pólo já investiram, até o ano passado, quase US$ 1 bilhão (cerca de
R$ 3,6 bilhões) em ações de controle ambiental. O Ciesp defende
ampliar a área industrial com indústrias pouco poluentes.
Isso não vai ocorrer se depender
do secretário do Meio Ambiente
de Cubatão, o coronel reformado
Eduardo Silveira Belo. "É muito
problema que temos de resolver."
Na avaliação de João Carlos Gomes, diretor de comunicação da
ACPO, Cubatão é o resultado de
um modelo que ignorou os impactos ambientais em nome da
industrialização e cujo símbolo
maior foi a posição dos representantes brasileiros na primeira
grande reunião ambiental mundial, realizada em 1972, na Suécia.
"Cartazes da delegação brasileira diziam: "Bem-vinda a poluição,
estamos abertos para ela. O Brasil
é um país que não tem restrições'", conta.
Ademar Salgosa Jr., que dirige o
Ciesp Cubatão, concorda que
houve erros. "Só viram as vantagens da cidade. Não viram que a
serra do Mar é uma imensa barreira natural à dispersão de poluentes."
(MV)
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